Wednesday 11 November 2009

Dois Estados ou Um: O Momento da Verdade

fonte:Palestine Chronicle

Dois Estados ou Um: O Momento da Verdade

By John V. Whitbeck

tradução: Ana Sofia Gomes, equipa Todos Por Gaza

Na ressaca dos elogios público feitos pela Secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton à atitude 'sem precendentes' do Primeiro- Ministro israelita, Benjamin Netanyahu no que respeita aos contínua expansão dos colonatos, Saeb Erakat, negociador da Autoridade Palestiniana, detonou um bomba verbal na conferência de imprensa de 4 de Novembro em Ramallah. Erakat sublinhou que este pode ser o “momento da verdade” para a liderança palestiniana e levantou a possibilidade de que “a solução dos dois Estados já não é um opção e talvez o povo palestiniano devesse voltar a focar a sua atenção na solução de um Estado onde muçulmanos, cristão e judeus vivem comoiguais.”

Esta declaração pode ser o sinal de viragem na longa e frustruante busca pela paz com alguma medida de justiça em Israel/Palestina.

Ao longo dos anos do perpétuo “processo de paz”, os prazos foram constante e previsivemente ignorados. Tais falhas têm sido facilitadas pelo facto de que, para Israel, “falhar” não comporta nenhuma consequência para além manutenção do status quo, a qual tem sido, para todos os governos israelitas, não apenas tolerável como preferível a qualquer alernativa realista. Para Israel, “falhar” sempre constituiu um sucesso o que permite a contínua apropriação da terra palestiniana, expandido as suas colónias na Cisjordânia, construindo estradas exclusivamente para judeus e, geralmente, tornando a ocupação ainda mais permanente e irreverível.

No interesse de todos, isto tem de mudar. Para que haja algum sucesso em quaisquer novas negociações, falhar terá de comportar consequências claras e fortes as queias seriam nada atractivas para Israel – pelo menos no início, de facto, aterradoras.

A liderança palestiniana, com ou sem Mahmoud Abbas, deveria agora anunciar a sua vontade para retomar as negociações com Israel mas apenas sob o compromisso expresso e irrevogável de que, se até ao fim de 2010 não for assinada um acordo de paz baseado na solução de dois Estados, o povo palestiniano não terá outra escolha senão procurar justiça e liberdade através da democracia – através de todos os direitos de ciadania num único Estado para todo Israel/Palestina, livre de qualquer discriminação baseada na raça ou religião e com direitos iguais para todos os que ali vivem, como numa verdadeira democracia.

A Liga Árabe deveria depois declarar publicamente que a muito generosa Iniciativa Árabe para a Paz, a qual desde Março de 2002 tem oferecido a Israel paz pemanente e relações diplomáticas e económicas normais em troca da actuação de Israel em conformidade com o direito internacional, expirará e “sairá da mesa” se uma acordo de paz Israel-Palestina definitivo não tiver sido assinado até ao fim de 2010.

Neste altura – mas não antes – negociações sérias e significativas poderão começar. Talvez já seja demasiado tarde para alcançar um solução de dois Estados decente (em oposição a uma indecente, um menor que um Bantustão), mas uma solução de dois Estados decente nunca terá hipótese de ser alcançada. Se, de facto, for demasiado tarde, então, os israelitas, palestinianos e o mundo saber-lo-ão e poderão concentrar construtivamente os seus esforços numa alternativa decente.

É ainda possível que, se a perspectiva de um Estado único com plenos direitos para todos os cidadão for realmente focada – o que acaba por ser aquilo que os EUA e a União Europeia defendem, em outras situações, como ideal da vida política – muitos israelitas poderão ver esta “ameaça” como menos aterradora do que tradicionalmente é.

Neste contexto, os israelitas poderão desejar falar com alguns sul-africanos. A mudança da ideologia da supremacia da raça e o sistema político da Áfica do Sul para um democracia plena, transformou-os de párias para um povo bem-vindo na sua região e no mundo. Assegurou igualmente a permanência de uma presença vital e forte dos brancos de forma a que o prolongamento da injustiça da ideologia da supremacia da raça e o sistema político impondo “estados independentes” dependentes e fragmentados aos nativos nunca conseguiria.

This is not a precedent to dismiss. It could and should inspire.

Este não é um precedente a ignorar. Pode e deve inspirar.

John V. Whitbeck é um advogado internacional que tem aconselhado a equipa palestiniana nas negociações com Israel. É autor de "The World According to Whitbeck”.

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