Saturday 24 October 2009

Soldados israelitas apoiam publicamente colonização dos territórios palestinos ocupados

fonte:Fórum Palestina

Soldados israelitas apoiam publicamente colonização dos territórios palestinos ocupados

Alguns soldados do Exército de Israel manifestaram solidariedade aos colonos judeus da Cisjordânia ocupada durante uma cerimónia em Jerusalém, o que provocou protestos no país, informa a imprensa israelita.

Vários recrutas da unidade de infantaria de elite Kfir mobilizada na Cisjordânia exibiram faixas de apoio aos colonos durante a cerimánia de juramento no Muro das Lamentações.

"Não evacuaremos Homesh", afirmava uma faixa, destaca o jornal Maariv.

Homesh é um "posto avançado", ilegal por definição, criado nas ruínas de um dos quatro colonatos situados no norte da Cisjordânia e evacuados em Setembro de 2005.

A retirada das quatro colónias do norte da Cisjordânia foi executada como parte de um plano de abandono unilateral da Faixa de Gaza que resultou na evacuação de 8.000 colonos e na saída das tropas israelitas dessa área.

Nessa altura enquanto os colonos de Ganim e Kadim evacuaram voluntariamente, em Homesh e Sanur, houve resistência potenciada por grupos radicais extremistas que para aí enviaram centenas de activistas, entre eles destacando-se Elisheva Federman, cujo pensamento se pode sintetizar nesta sua declaração, sobre os palestinos: "Escumalha humana, se não saírem, devemos bombardea-los indiscriminadamente".

"Desejávamos mostrar que nosso papel é proteger os cidadãos israelitas e não retirá-los das suas casas na sua pátria ancestral", declarou à rádio pública um dos jovens soldados, que pediu anonimato.

"Os soldados envolvidos violaram gravemente as regras de conduta. É um caso vergonhoso que exige medidas disciplinares excepcionais", declarou à AFP um porta-voz do Exército.

"O comandante da unidade Kfir prevê não permitir a continuidade no serviço sob suas ordens destes militares", completou.

Friday 23 October 2009

Boicote às importações de Israel para Portugal

fonte:SOLIDARIEDADE COM A PALESTINA


Estando a participar activamente na campanha internacional de BDS, Boicote, desinvestimento e sanções a Israel, o Comité de Solidariedade com a Palestina tomou contacto com duas empresas portuguesas que comercializam em Portugal produtos agrícolas, como tâmaras e mangas, provenientes de Israel e dos colonatos. São elas a Nogueira & Barroco, Lda e a Manuel Duarte da Cruz, Lda.
Como é sabido, a comercialização de produtos dos colonatos viola as leis internacionais e da União Europeia. Uma vez que estas empresas até hoje não quiseram responder ao nosso pedido para que procurassem outros fornecedores, vamos iniciar uma campanha de pressão sobre elas, como está a ser feito pelo mundo fora em relação a inúmeras empresas, com vários resultados significativos.
Caso não haja reacção das empresas, outros passos serão dados.

Para já, convidamo-vos a participarem nesta campanha, através do envio massivo de emails dirigidos a essas empresas. Este tipo de activismo teve consequências positivas em situações semelhantes, pelo que é importante divulgarmos esta iniciativa aos nossos contactos.
CSP

Modelo de carta a ser enviado e endereços das empresas:

À Direcção da …

frutasdourosul@mail.telepac.pt
m.d.cruz@iol.pt


A ocupação de territórios palestinianos é ilegal e formalmente condenada pela comunidade internacional em todos os seus organismos de relevo, nomeadamente a ONU, a OIT e a União Europeia. Essa condenação estende-se igualmente ao comércio com Israel como potência ocupante. A realização de negócios com empresas beneficiárias da ocupação, como é o caso das empresas israelitas, constitui um acto de cumplicidade com usurpadores de recursos palestinianos e configura uma violação do Direito Internacional. As empresas europeias que levem a cabo esses negócios colocam-se, assim, sob a alçada da lei.

Mesmo se até aqui as entidades competentes nem sempre têm feito caso da proibição de negociar com empresas beneficiárias da ocupação, essa é uma realidade que está em vias de mudar rapidamente. Também para fazê-la mudar, existe desde 2005 uma campanha internacional de boicote e desinvestimento contra Israel, semelhante àquela que ajudou a derrotar o regime de apartheid na África do Sul.

Muitas empresas – como a multinacional francesa Veolia – que se têm tornado, de forma consciente ou involuntária, cúmplices de uma política contrária às convenções de Genebra e condenada pela ONU, perderam ultimamente clientes e contratos importantes. Muito recentemente, o governo norueguês tomou a decisão de retirar o seu investimento da empresa israelita Elbit Systems Ltd, pelo seu papel central na construção do muro de apartheid na Palestina.

Pedimo-vos que sigam este e outros exemplos, deixando de comercializar produtos provenientes de Israel e dos seus colonatos, sob pena de se tornarem cúmplices de um regime de apartheid e limpeza étnica.

assinatura

Thursday 22 October 2009

A polícia israelita escondida!

fonte:PC

Israeli Police Don Arab Disguise

By Jonathan Cook - Nazareth

Civil rights groups in Israel have expressed outrage at the announcement last week that a special undercover unit of the police has been infiltrating and collecting intelligence on Israel's Arab minority by disguising its officers as Arabs.

It is the first public admission that the Israeli police are using methods against the country's 1.3 million Arab citizens that were adopted long ago in the occupied territories, where soldiers are regularly sent on missions disguised as Palestinians.

According to David Cohen, the national police commissioner, the unit was established two years ago after an assessment that there was "no intelligence infrastructure to deal with the Arab community". He said that, in addition, undercover agents had been operating in East Jerusalem for several years to track potential terrorists.

Israel's Arab leaders denounced the move as confirmation that the Arab minority was still regarded by the police as "an enemy" - a criticism made by a state commission of inquiry after police shot dead 13 unarmed Arab demonstrators inside Israel and wounded hundreds more at the start of the second intifada in 2000.

In a letter of protest to Israeli officials this week, Adalah, a legal rights group, warned that the unit's creation violated the consitutional rights of the Arab minority and risked introducing "racial profiling" into Israeli policing.

Although the police claim that only Arab criminals are being targeted, Arab leaders believe the unit is an expansion of police efforts to collect information on political activists, escalating what they term a "climate of fear" being fostered by the rightwing government of Benjamin Netanyahu.

Awad Abdel Fattah, general secretary of the National Democratic Assembly party, whose activists are regularly interrogated by the police even though the party is represented in the national parliament, said there was strong evidence that undercover units had been operating in Arab communities for many years.

"The question is, why are the police revealing this information now? I suspect it is designed to intimidate people, making them fear that they are being secretly watched so that they don't participate in demonstrations or get involved in politics. It harms the democratic process."

Secret agents disguised as Arabs - known in Hebrew as "mista'aravim" - were used before Israel's founding. Jews, usually recruited from Arab countries, went undercover in neighbouring states to collect intelligence.

The Haaretz newspaper revealed in 1998 that the secret police, the Shin Bet, also operated a number of mista'aravim inside Israel shortly after the state's creation, locating them in major Arab communities.

The unit was disbanded in 1959, amid great secrecy, after several agents married local Arab women, and in some cases had children with them, in order to maintain their cover.

But the mista'aravim are better known for their use by the Israeli army on short-term missions inside Arab countries or in the West Bank and Gaza, where they have often been sent to capture or kill local leaders.

Famously Ehud Barak, the current defence minister, was sent to Beirut in 1973 disguised as an Arab woman to assassinate three Palestinian leaders.

More recently, however, the army's mista'aravim have come to notice because of allegations that they are being used as agents provocateurs, especially in breaking up peaceful protests by Palestinians in the West Bank against the separation wall.

In April 2005, during a demonstration at the village of Bilin, north of Jerusalem, Palestinians throwing stones at soldiers were revealed to be mista'aravim. They were filmed blowing their cover shortly afterwards by pulling our pistols to make arrests. The army later admitted it had used mista'aravim at the demonstration.

Palestinians claim that stone-throwing by mista'aravim is often used to disrupt or discredit peaceful demonstrations and justify the army's use of rubber bullets and live ammunition against the protesters in retaliation.

Last week Jamal Zahalka, an Arab member of the parliament, warned other legislators of the danger that mista'aravim police officers would adopt similar tactics: "Such a unit will carry out provocations, in which the Arab public will be blamed for disorderly conduct."

Mr Abdel Fattah said there were widespread suspicions that mista'avarim officers had been operating for years at legal demonstrations held by Israel's Arab citizens, including at the protests against Israel's winter attack on Gaza. He said they were often disguised as journalists so that they could photograph demonstrators.

He said a woman activist from his party had been called in by the police for interrogation after a demonstration last year in the Arab town of Arrabeh. "The officer told her, 'I know what you were saying because I was standing right next to you'. And he then told her exactly what she had said."

In his testimony to a government watchdog, the police commissioner, Insp Gen Cohen, said he had plans for the unit "to grow" and that it would solve a problem the police had in infiltrating Israel's large Arab communities: "It's very hard for us to work in Umm al-Fahm, it's very hard for us to deal with crime in Juarish and Ramle."

Several unnamed senior officers, however, defended their role in monitoring the Arab community, claiming the commissioner was wrong in stating that the use of mista'aravim inside Israel was new. One told Haaretz: "Existing units of mista'aravim have operated undercover among this population for about a decade."

Orna Cohen, a lawyer with the Adalah legal group, said the accepted practice for police forces was to create specialised units according to the nature of the crime committed, not according to the ethnicity or nationality of the suspect.

She warned that the unit's secretive nature, its working methods and the apparent lack of safeguards led to a strong suspicion that the Arab minority was being characterised as a "suspect group". "Such a trend towards racial profiling and further discrimination against the minority is extremely dangerous," she said.

Comments two years ago from Yuval Diskin, the head of the Shin Bet, have raised fears about the uses the police unit may be put to. He said the security services had the right to use any means to "thwart" action, even democratic activity, by the Arab minority to reform Israel's political system. All the Arab parties are committed to changing Israel's status from a Jewish state to "a state of all its citizens".

Mr Abdel Fattah said: "This is about transferring the methods used in the West Bank and Gaza into Israeli to erode our rights as citizens. It raises questions about what future the state sees for us here."

- Jonathan Cook is a writer and journalist based in Nazareth, Israel. His latest books are "Israel and the Clash of Civilisations: Iraq, Iran and the Plan to Remake the Middle East" (Pluto Press) and "Disappearing Palestine: Israel's Experiments in Human Despair" (Zed Books). He contributed this article to PalestineChronicle.com. Contact him at ww.jkcook.net. (A version of this article originally appeared in The National (www.thenational.ae), published in Abu Dhabi.)

Literatura e resistência

fonte:EuroPalestina
(Tradução Maria Rodrigues, equipa Todos Por Gaza)

Literatura e resistência


Mais valem os actuais clamores da derrota

do que a exultação triunfalista de 1967”

O poeta israelita Aharon Shabtai, famoso especialista em cultura helénica, dá-nos a conhecer as suas reflexões sobre a arte e a política e sobre a influência da ocupação na cultura israelita.

Nesta entrevista conduzida por Nir Nader (publicada em Julho de 2007) Aharon Shabtai considera que “nas actuais circunstâncias de barbárie (…) os escritores são convocados a tomar a palavra, a assumir posições políticas claras, a afirmar uma postura moral e a exercer resistência”.

Nir Nader:

- Como caracteriza a relação entre a actual cultura israelita e a situação de ocupação?

Shabtai:

- Israel é um país cujas opções de mudança se fecham umas atrás das outras. No passado, teve a possibilidade de se tornar um saudável estado-nação, estabelecendo relações com os Palestinianos e com os estados vizinhos. Porém, quanto mais o estado de Israel persiste na ocupação e mais depende da força, tanto mais estreitas se tornam as suas opções políticas. A propaganda utilizada para justificar a violência da ocupação tem um efeito “orweliano” sobre a mentalidade israelita. Daí resulta um enfraquecimento da sensibilidade moral e ética. O discurso político é construído segundo modelos ilusórios, numa espécie de “nova linguagem”, que atinge amplamente a esfera cultural.

Israel está a tornar-se uma colónia sob a égide americana, tal como a antiga Rodésia ou a África do Sul se encontravam outrora face à Grã-Bretanha. Esta colónia é dirigida pelos oligarcas, pelo exército e pelo Shin Beth. O país é uma prisão. Inclui três milhões e meio de habitantes nativos que se encontram estacionados em células territoriais, em campos e em guettos, enquanto que Israel põe em marcha ma política demográfica claramente racista, orientada para a “limpeza” étnica. Esta prisão dispõe de aposentos especiais para os carcereiros israelitas, que vivem em “nichos”, separados das realidades dos nativos. Como na Zona Verde em Bagdad. Aqui como ali, há campos de golf, cafés, residências, organismos culturais para as famílias dos dirigentes. No seio da colónia, os desígnios políticos limitam-se à economia e à segurança, à questão de saber como acumular capital e como eliminar os nativos.

Nir Nader:

- No entanto, na actualidade, Israel não é monolítico. É uma sociedade que se separou dos seus valores sionistas fundamentais, que se distanciou da solidariedade social, que abandonou os seus próprios cidadãos. Isso foi claro na guerra de 2006 e, anteriormente, na eliminação da rede de segurança social.

Shabtai:

- Sim, porque nesta colónia racista as instituições sociais e estatais estão corroídas. Neste actual período de imperialismo global, a política privatiza-se. Os instrumentos de acção política – meios de comunicação de massas, partidos, sindicatos, cuja função é promover a mudança, debelar os males, restaurar a solidariedade, foram esvaziados do seu conteúdo funcional e cedidos a interesses privados. Do mesmo modo, a cultura e o ensino superior são concebidos como coisas susceptíveis de serem privatizadas. É suposto que sejam realidades emancipadas da política, “coisas objectivas”. Ou seja, é suposto que se ajustem ao consenso. Hoje, em Israel, a política e os políticos são anátema. Eis os sintomas de uma sociedade nacionalista de massas, cujos heróis são os oligarcas, como Arcadi Gaydamak, e os generais, como Ariel Sharon ou Ehud Barak.

Os antigos Gregos tinham um termo para designar os cidadãos que apenas se interessavam pelas questões pessoais e punham de lado as questões colectivas: eram os “idiotai”. Esta designação ajusta-se aos israelitas de hoje, pessoas “idiotai” e não cidadãos no verdadeiro sentido da palavra, ou seja, pessoas “politai”. De facto, não se integram nas organizações políticas nem participam nas lutas políticas de alguma importância.

É típico desta postura o que foi escrito por um universitário sobre o meu poema “Não, Sapho”. Acusou-me de ter rebaixado a grande poetisa do amor. Ora Sapho escreveu que o que há de mais belo não reside em batalhões de soldados, nem na cavalaria, nem na marinha de guerra mas na pessoa que amamos. A poetisa opunha-se à mentalidade dominante no seu tempo, ilustrada na poesia de Thirtaios da Lacedemónia. Em contrapartida, oferecia aos cidadãos um “ethos” erótico. No meu poema “Não, Sapho” actualizo o tema e, de forma humorística, proponho uma outra coisa que se adequa a Israel e aos nossos tempos: considerar belas a solidariedade da classe operária e a liberdade. Na Grécia Antiga, o primeiro poema de carácter lírico é de Archilocos e intitula-se “Um certo montanhês”. Nele o poeta conta, sem vergonha, como se desembaraçou do seu escudo em plena batalha, no momento em que se intensificava o combate. É um poema que define a função ética e cívica da poesia. O poeta transgride os valores heróicos dominantes e ilustra o direito ao exercício do seu próprio juizo e à formulação de um novo princípio (“logos”). Ou seja, o direito de recusar uma morte absurda é apresentado como um valor adequado a um cidadão livre.

Contrariamente, hoje em dia em Israel, a sabedoria convencional entende que os elementos da cultura, como poemas, possam existir por si mesmos e para si mesmos, numa esfera à parte, que nada tem a ver com a construção de argumentos e, particularmente, nada tem a ver com declarações políticas. O que é político é tido como vulgar e trivial. A literatura e a cultura nada têm a ver com o “ethos” cívico. É uma cultura de “idiotai”, no seio da qual cada indivíduo apenas se preocupa consigo mesmo e onde todos os problemas caem nas costas do indivíduo, tornando-se assim traumatismos de um ego dilatado e enroscado em si mesmo. A arte privatizada, associando-se à vida dos “idiotai”, torna-se um ramo da psicologia. Também isso se verificou nos Estados Unidos, onde era habitual que a poesia fosse comprometida e militante, particularmente durante a guerra do Vietnam. Em poucos anos, desde que a administração Johnson criou o Fundo Nacional para as Artes, a poesia tornou-se, nos meios universitários, uma disciplina de oficina de escrita.

Também em Israel as oficinas de escrita são encorajadas. Constituem nichos económicos florescentes na terapia pela arte, ajudando na adaptação das pessoas. A psicologia tornou-se uma ideologia. São interiorizados todos os traumatismos de uma sociedade marcada pelo homicídio militar e pela exploração, surgindo como problemas do indivíduo, que se encontra isolado num nacionalismo de massas. Este tipo de problemas é tido como se fosse do foro privado, de ordem individual. O indivíduo tornou-se um paciente. Deste modo, os indivíduos aceitam a sua individualização como um dom. Ficam imersos numa perpétua infância, tal como os Gigantes da Idade da Prata na obra de Hesíodo, em que cada um, “verdadeiro néscio brincando de forma pueril na sua casa, é criado por sua mãe durante cem anos”. A arte como psicoterapia está ao serviço de uma ideologia na qual todos são indivíduos, sem um espaço político (uma “agora”), sem um espaço onde os problemas pessoais, que são políticos por natureza, atinjam a consciência dessa natureza e encontrem as suas verdadeiras soluções. A arte sem espaço político é como pasta de modelagem que se dá a doentes mentais e a crianças – os que não têm responsabilidade em relação ao espaço político são escravos e crianças. Nos nossos dias, a arte e a literatura mantêm em situação de jardim de infância os que não querem, ou não podem, ser adultos.

Nir Nader_

- Todavia, isso parece-me uma generalização. Apesar de tudo, a ocupação é reconhecida como um desafio importante pelo conjunto da corrente dominante israelita, incluindo os escritores institucionais.

Shabtai:

- Você está a referir-se a intelectuais e escritores daquela espécie a que um dos meus amigos, Ninrod Kamer, chama “a esquerda mole”: Amos Oz e David Grossman, por exemplo. No caso destes, quero dizer que foi aplicado o princípio de cooptação.

O poder estabelecido adoptou-os, cooptou-os – foi esse o método. Eles vociferam, no plano geral, contra a ocupação. E essa postura confere-lhes credibilidade quando apoiam o regime em qualquer questão específica de alguma importância. Foi assim que apoiaram os Acordos de Oslo, o logro de Camp David de Julho de 2000, as medidas tomadas contra a Intifada e a segunda guerra do Líbano. Os escritores da “esquerda mole” não dão conteúdo político à literatura, antes pelo contrário: em vez de impulsionar as decisões para a acção, eles sublimam a politica na cultura. A questão da ocupação, nas suas mãos, torna-se objecto de “mastigação” psíquica da bela alma israelita atormentada. Foi a maneira que arranjaram de a tornar um cliché do discurso cultural israelita. Até Ariel Sharon e Ehud Olmert disseram ser contra a ocupação. Isto foi vulgarizado, para se tornar um ramo da cultura, o material de uma interminável auto-flagelação narcísica para filmes, conferências, teses de doutoramento e carreiras universitárias. Deste modo, retiraram a questão da ocupação do domínio da luta, tendo-a relegado para o papel de psicoterapia de jardim de infância. Chegamos ao ponto de considerar a ocupação uma “grafomania”. As pessoas estão saturadas de ouvir falar disso.

Por este motivo, nenhuma literatura importante se desenvolveu a partir dos Acordos de Oslo, apenas palermices medíocres que contribuem para o “filistinismo” da vida social, reciclando a “experiência histórica de Israel” no seu imobilismo.

E isto porque a literatura possui seguramente uma missão ética e política. Política, no sentido grego da Antiguidade Clássica. A pedra de toque da literatura é o nível em que coopera ou não coopera com o regime para forjar um consenso. A cultura é um laboratório ideológico, que recorre a narrativas a que aderimos para criar uma representação da realidade. Ela inventa definições e diferenciações (Judeus/Árabes, por exemplo) que fornecem ao indivíduo uma identidade. O que distingue os grandes escritores e poetas é o facto de criarem uma resistência e de oferecerem alternativas à maneira de ser. Em períodos de urgência, tais escritores ligam-se directamente à política.

Resistir resulta da essência da vida. Cada um sente o peso, a inércia e a força do atrito quando avança ou quando age enquanto indivíduo. Por outro lado, há uma enorme pressão, mais ou menos dissimulada, para nos tornarmos “bons rapazes”, ou seja, para nos limitarmos ao conformismo.

Um verdadeiro poeta tem a coragem e a lucidez de instaurar a resistência na vasta esfera da Ética, precisamente onde o indivíduo é incitado a adaptar-se à norma. Esta provoca constrangimentos nos seus gostos, nos seus valores, na linguagem que usa. Mas o tema da entrevista é uma situação específica. Não estamos nos Países Baixos. Nas circunstâncias actuais de barbárie, que lembram aquelas que outrora prevaleceram na Alemanha, na Rússia, em França e na América, os escritores são convocados a tomar a palavra, a assumir uma postura política clara e moral, a resistir.

Nir Nader:

- Dê-me exemplos de quem assim agiu, em oposição.

Shabtai:

- Sócrates, na Grécia Antiga, levantou-se contra a sociedade do seu tempo, pronto a morrer. Em Atenas, o preceito ético maior era prejudicar o inimigo e fazer bem ao amigo. Sócrates não estava de acordo. Ele dava prioridade ao que era justo. Em conformidade, considerava que mais valia sofrer o mal do que o fazer. Após a queda da democracia ateniense, os ditadores habituaram-se a mandar prender os que eram identificados como seus opositores, ou então os que tinham bens que os ditadores queriam confiscar. Sócrates e quatro outros cidadãos receberam ordem para prender um outro chamado Leão. Ele recusou, pondo a sua vida em risco. Só se salvou devido a uma mudança de regime. Mais tarde, foi acusado de blasfémia e de corromper a juventude, tendo sido condenado à morte. O discurso que pronunciou no seu próprio julgamento, conhecido pela designação de Apologia, é o texto político fundamental da Europa.

A maior parte dos escritores de primeira grandeza foram opositores, num ou noutro sentido. Não é por acaso que mesmo escritores afastados de todo o radicalismo, como Flaubert e Baudelaire, foram levados a julgamento. Existem períodos tranquilos durante os quais a oposição não é manifestada. Mas, em circunstâncias particulares – tais como a opressão, a aniquilação dos direitos humanos, o fascismo, os escritores devem tomar posição.

Todavia, em Israel, como já afirmei, os escritores alinham sem esforço com o regime. Amos Oz, Yehoshuaz Sobol, A. B. Yehoshua e David Grossman apoiaram a guerra do Líbano durante a qual a aviação matou mais de um milhar de civis, destruiu aldeias e arrasou bairros em Beirute. São momentos como este que constituem a pedra de toque do escritor e do artista. Podemos referir numerosos exemplos de grandes escritores, e não necessariamente de esquerda, que se recusaram a colaborar com os respectivos regimes.

Assim foi, no ponto fulminante do fervor patriótico da Áustria, quando Stefan Zweig se opôs à primeira guerra mundial. Abandonou o seu país e declarou a sua solidariedade com o povo francês. Thomas Mann opôs-se aos nazis muito antes de Auschwitz, tendo preferido o exílio a partir de 1933. Depois disso muito falou e escreveu contra os poderes instaurados no seu país. Na Alemanha, os seus livros foram queimados. A sua “Montanha Mágica” mostra como uma sociedade inteira se transformou numa comunidade de doentes, numa clínica, como é o caso de Israel nos nossos dias.

Nir Nader:

- Será que uma cultura israelita hebraica poderá sobreviver longamente numa região que é árabe, uma região tão completamente diferente?

Shabtai:

- Eis o principal problema. A ocupação, o exército e o capitalismo estão a destruir o país, simultaneamente a paisagem física e a paisagem humana, de que fazem parte os Palestinianos, que aqui têm as suas raízes. Para Israel, o exemplo a seguir deveria ser o de países como a Bélgica, a Suiça e o Canadá, Estados que fornecem um quadro no qual grupos diversos podem viver em conjunto.

O monumento mais representativo da actual cultura israelita é o muro da separação. Isto está cravado na consciência nacional e na literatura hebraica. O muro é o ponto de fixação que a literatura recicla incessantemente. Esta literatura não funciona enquanto meio de criar uma oposição, de mudar a vida. De maneira que não há mudança na vida, só no estilo de vida.

Nir Nader:

- Entre as nuvens negras que descreve, poderá haver alguma luz?

Shabtai:

- Se a sociedade possui um instinto de auto-preservação, então ocorrerá uma mudança. Uma revolução. Repare, hoje tudo se acumula contra os jovens. Não têm futuro. Nas recentes manifestações de estudantes em Jerusalém, a juventude começou a reclamar uma revolução, tendo muitas pessoas que passavam na rua aderido às suas reclamações. É um sinal de mudança. Esta chegará, cedo ou tarde. Deste ponto de vista, o insucesso de Israel na segunda guerra do Líbano é também um sinal encorajante. Isto pode parecer bizarro, mas os clamores de derrota que hoje se ouvem, são preferíveis à exultação nacionalista de 1967. O militarismo israelita está votado ao insucesso, numa sociedade em que se agravam a exploração e a pobreza.

A revolta actual não é ainda política, pois a tomada de consciência e a solidariedade continuam limitadas. Existem excepções, como o grupo de jovens poetas que fundaram o jornal Ma’ayan. O seu modo de acção assemelha-se bastante a movimentos artísticos radicais, como o dos dadaístas. Opuseram-se à guerra do Líbano e manifestam consideração tanto pelos Judeus como pelos Árabes. Mas, de momento, a maioria dos jovens não representa qualquer ameaça para o poder estabelecido. O chauvinismo e o ódio aos Árabes continuam a possibilitar a exploração da juventude e dos pobres.

Enquanto escritor, percepciono-me como quem age no interior de um regime. A poesia não é uma correspondência privada. Ela produz-se no seio de um sistema ligado a outros sistemas. Só dessa maneira é que a poesia tem uma função e um lugar no espaço público. No interior dos sistemas político e cultural, está a ser estimulado um debate, está em marcha o pensamento e anima-se uma luta pela mudança e pela renovação. Na situação presente, os sistemas político e cultural não funcionam. A sua vacuidade e a sua trivialidade dissuadem.

Ou somos rapazinhos confinados à clínica ou tornamo-nos dissidentes, activistas actuando nas margens.






O escritor publicou dezoito obras de poesia em hebreu.

As suas traduções de teatro grego para a língua hebraica foram coroadas por numerosos prémios.

Dois dos seus livros foram escritos em língua inglesa:

Love and Others Poems (Nova Iorque: The Sheep Meadow Press, 1997)

J’Accuse (Nova Iorque: New Directions, 2003)

Este último título faz eco da crítica violenta de Zola contra o antisemitismo durante o processo de Dreyfus. São poemas que põem em causa as práticas israelitas durante a ocupação.

Traduções da obra de Shabtai foram publicadas nas principais revistas poéticas em língua inglesa.

Recentemente, participou na “Anthologie Rouge” (Aduma)


Poema “Não, Sapho”

O que há de mais belo, dizia Sapho, é o ser que se ama.

Eu digo: Não, Sapho. O ser amado não terá beleza

tão perdurável como a de um empreendedor ou de uma empresa.

Uma agência de contratação sugará o seu sangue a 15 shekels a hora.

Não há futuro para a beleza.

As sandices que te deram a beber, deixa-me tirá-las da tua cabeça.

Anaktoria não será mais bela se ela for forçada a prostituir-se.

Atis não se ornamentará de flores se a fábrica for fechada e transferida para o Cairo.

Desde logo, a coisa mais bela, a condição primeira da beleza, é a luta de classes.

Tinhas razão, Sapho. Nem cavaleiros, nem guerreiros, nem navios de guerra,

mas a solidariedade entre trabalhadores, a colaboração, a igualdade.

Quando estas prevalecerem,

então céu e terra inundarão os olhos do ser amado.

Não será então entre literatos, nem na universidade, nem nas salas de concerto

que encontrarás a beleza,

mas na união dos trabalhadores.

Os lixeiros, os caixotes de lixo, Sapho, são o que há de mais belo.



Sionismo: um sonho anti-semita

fonte:PC

Zionism: An Anti-Semite's Dream

By John V. Whitbeck

In a commentary published in the Arab News (Jeddah) on October 17, the British journalist Neil Berry focuses on a reality which is rarely mentioned in polite society: that Zionism is, and has always been, an anti-Semite's dream come true, offering the hope that one's own country's Jews can be induced to leave and move elsewhere.

Berry writes: "The imperious British statesman, A.J. Balfour, who gave his name to the declaration, was an earnest supporter of the 1905 Alien Act, which was specifically designed to stem the inflow into Britain of Jews who were fleeing from persecution in czarist Russia. A century ago, immigrant Jews were seen by many, much as Muslims are now, as subversive intruders menacing the British way of life.... Zionism and anti-Semitism became inextricably bound up with one another."

Citing a better-known cause for the enduring shame of Western states, Berry continues: "In the aftermath of the liquidation by the Nazis of some 6 million Jews during World War II, the United States, Australia and Canada, brushing aside Arab pleas to treat displaced Jews as a challenge for the whole world, refused to relax their immigration restrictions, thereby ensuring that the great majority of them poured into Palestine, even though many would have preferred to settle elsewhere.... It was with shrewd foresight that Herzl predicted that anti-Semitism would become Zionism's greatest ally."

Western governments which, today, are not anti-Semitic should, rather than feeding justice, human decency and international law into a shredder through blind subservience to a racial-supremicist, settler-colonial experiment (and thereby earning themselves the hatred of much of mankind), be opening their doors wide to any and all Israeli Jews who might be tempted to build a new and better life for themselves and their children, with less injustice and less insecurity, by returning to their countries of origin or emigrating to other countries of their choice, offering them immediate residency rights, generous resettlement assistance and a rapid road to citizenship (if they do not already have it).

Such "Laws of Return" would be profoundly philo-Semitic, pro-Jewish and, yes, anti-Zionist. They would reflect a moral, ethical and self-interested recognition that Zionism, like certain other prominent 20th century "isms" which once captured the imaginations of millions, was a tragically bad idea -- not simply for those innocents caught and trampled in its path but also for those who embraced it -- which is unsustainable, which does not deserve to be sustained and which has already caused (and, if perpetuated, will continue to cause) profound problems for the Western world and the Western world's relations with the rest of the world.

Democracy and equal rights in a unitary state in the land which, until 1948, was called Palestine, coupled with freedom of choice (with attractive choices for resettlement being generously provided) for those who would prefer not to live in such a state, would offer a far greater hope for eventual peace in the Middle East than continued cynical recycling of a partition-based "peace process" which is now widely recognized to be both a fraud and a farce and which, even if "successful", would simply legitimize, reward and perpetuate ethnic cleansing, racism and apartheid -- scarcely a recipe for lasting peace, let alone for any measure of justice.

If Western politicians cared more about the welfare and happiness of individual Jewish human beings than they do about the money and ability to hurt them of a few wealthy and powerful Zionists, most of whom live comfortably and safely far from the Middle East, democracy, equal rights and freedom of choice, all principles to which Western states profess devotion, might actually come to the "Holy Land".

Politicians being what they are, civil society will have to take the lead in delegitimizing Zionism and pointing the way toward a better future for all concerned -- and, like it or not, everyone on this planet is concerned.

- John V. Whitbeck, an international lawyer who has advised the Palestinian negotiating team in negotiations with Israel, is author of "The World According to Whitbeck". He contributed this article to PalestineChronicle.com.

Wednesday 21 October 2009

Guerra, negação e a identidade muçulmanos "Revisited"

fonte: PC

War, Negation and Muslim Identity Revisited

By Ramzy Baroud

A Muslim writer begins an article with, 'who says the campaign for animal rights was started in the West ..' She goes on to argue that Islam provided the original treatise on the humane treatment of animals. Her case was poorly constructed, inadequately executed, although the essence of her idea was to a degree, accurate. Islamic tradition has indeed laid a foundation, with clear boundaries regarding the humane treatment of animals.

But why did the author, like so many others, choose to turn what should have been a constructive argument, into a diatribe? Was it necessary to charge Western discourses, resorting to the ever predictable classification of “us and them”, instead of trying to find a common cause?

The same point can be made regarding other discussions, whether pertaining to human rights (women’s rights in particular), the environment, labor rights, and many others.

In her defense, Amirah Sulaiman was simply following an existing pattern, commonly used to delineate one’s cultural or religious progression, at the expense of another.

But it’s more than that, it’s also a defense mechanism, a haunting reminder that the alleged civilizational clash, although more imagined and politicized, than real, pervades many aspects of our perception of ourselves and of others.

Among Muslim intellectuals, as in societies, this paradigm is omnipresent.

Cultural animosity, collective defensiveness, racism (and Orientalism), among other overriding cultural trends existed long before distained US foreign policy in the Middle East became the defining norm, before the terrorist attacks of September 11, 2001 and the wars against Iraq and Afghanistan. But these events emboldened existing arguments on both sides, with Muslims solidifying as a collective victim, and the US, from a Muslim point of view, seen as a vulgar, but true representation of the West.

Of course, Muslims and Islam had their own ominous representations in the US, thus ‘Western’ media, culture and psyche – the dagger wielding bearded man, who abuses women, whenever he takes time away from blowing up infidels. As comical as I intended this to sound, as disturbingly true such a depiction is in the minds of many.

It would be utterly unfair and largely inaccurate to equate the ‘Western’ misrepresentation of Islam and Muslims, with the latter’s misrepresentation of the West. The former approaches its caricatured depiction from a chest thumping, Fox News mentality of militarily powerful and economically stable countries. Its view of the other is largely hegemonic and its standard solution to bringing wars to an end is with military surges and the increasing of military assistance (with Iraq, Afghanistan, and Pakistan being the current cases in point.)

Collective Muslim identity however is largely fragmented, between governments that only represent themselves, and peoples facing many forms of oppression: political tyranny at home, external repression (war, foreign interventions, etc), economic uncertainty (fuelled by inequality and compounded by unfiltered globalization), and extremism.

The so-called war on terror, for obvious reasons, cemented that fragmentation. On one hand, it reinforced many Muslims’ growing sense of victimization; a notion that itself resulted in both submissiveness and extremism. On the other it inspired a re-think, positive at times, self-negating at others: it kindled a affirmative sense of identity and pride among a generation desperate to identify itself according to its own priorities and on its own turf, while, on the other hand, it led to a (minor) movement of intellectual migration, which sought in the ‘West’ an escape from the oppressive reality, of which, of course the ‘West’ is equally responsible.

But it was not war alone (and in itself) that shaped Muslim perceptions of the ‘West’; it was rather the US’ and (to lesser extent Britain’s) insistence that their war championed an essentially Western discourse on democracy and human rights. Such arguments took place in an already hostile atmosphere: incessant media and academic mutterings about Islam’s shortcomings, and a growing right wing, racist tendencies in various Western countries targeting immigrants and minorities, many of whom are Muslims.

When such political, military and intellectual encroachment is backed by such statements as that made by US Deputy Undersecretary of Defense for Intelligence, Lieutenant General William G. Boykin (now retired), then the plot thickens, and the collective polarization of both societies grows. Boykin, author of “Never Surrender: A Soldier's Journey to the Crossroads of Faith and Freedom,” became famous for his infamous quote, several years ago, in reference to a Muslim militant in Mogadishu: “I knew that my God was bigger than his. I knew that my God was a real God and his was an idol.”

This was a lone quotation, of course, in a sea of bigoted references that defined many officials and media pundits during the Bush Administration. Such voices are now, somewhat mute, although, its hard to believe that the advent of President Barack Obama has altered a culture in its entirety.

It takes generations for genuine trust to take hold, and the countdown cannot possibly start as long as one US solider is stationed in a Muslim country for the purpose of conducting war and occupation.

Yet again, there is more to all of this. Reversing intellectual dogmas and collective realizations is too convoluted a process; it requires time, action and good will.

In the meantime, Muslims, who insist on living in the shadow of the ‘West’ as unreserved aficionados or obsessed detractors must redefine their own discourses. As for the latter, they must not allow war alone, MTV consumer media culture, hegemonic globalization and racist remarks by a politician or a born again evangelical to taint their entire view of what are essentially unique, diverse and in many ways impressive civilizations that have done much good. Indeed, there is the like of Boykin, but there are millions of others who are peace-loving, ordinary people, some of whom are ardent advocates of human rights, anti-war campaigners, including the thousands who have repeatedly broken the siege on Gaza, and previous to that Iraq. Muslims too must quit caricaturing them, reducing them to enemies, juxtaposing Muslims’ essential righteousness with ‘Western’ essential depravity. Not only are such reductions inaccurate and self-defeating, they also break down possible alliances between the forces of good in this world, in a time when they are of essence.

- Ramzy Baroud (www.ramzybaroud.net) is an author and editor of PalestineChronicle.com. His work has been published in many newspapers, journals and anthologies around the world. His latest book is, "The Second Palestinian Intifada: A Chronicle of a People's Struggle" (Pluto Press, London), and his forthcoming book is, “My Father Was a Freedom Fighter: Gaza’s Untold Story” (Pluto Press, London), now available for pre-orders on Amazon.com.

Tuesday 20 October 2009

Abbas eo Relatório de Goldstone: A nossa vergonha é total

fonte: Palestine Chronicle

Abbas eo Relatório de Goldstone: A nossa vergonha é total

por Ramzi Baroud (tradução equipa Todos Por Gaza)

As bombas israelitas caíram sobre a Faixa de Gaza durante a guerra unilateral entre 27 de dezembro de 2008 e 18 de janeiro de 2009, milhões de pessoas em todo o mundo saíram às ruas em uma completa e firme indignação. Povos de todas as cores, raças e religiões uniram-se contra a barbárie que esta guerra levou contra uma nação pobre, indefesa e fisicamente presa. Mas para alguns politicos palestinianos na Cisjordânia a guerra parecia totalmente insensível e fria.

Mahmoud Habbash, o Ministro dos Assuntos Sociais da Autoridade Palestiniana é um desses indivíduos. As suas intervenções na Al Jazeera, durante aqueles dias fatídicos foram muitas. Numa parte do ecrã podiamos ver as crianças desfiguradas, as mulheres mutiladas, e grupos de escavação em busca de corpos a trabalhar no escuro, às vezes famílias inteiras. Na outra parte tinhamos Habbash, vomitando insultos políticos em diigidos aos seus rivais do Hamas em Gaza, repetindo incansavelmente a mesma mensagem dos seus colegas israelitas. Cada vez que seu rosto aparecia na televisão, eu encolhia-me. Cada dos seus gritos reforçou o meu sentimento de vergonha. Vergonha, talvez, mas nunca confusão. Aqueles que entendem como o acordo de Oslo de Setembro de 1993 se transformou numa cultura que destruiu o próprio tecido da sociedade palestina podem apreciar plenamente o comportamento da Autoridade Palestina na Cisjordânia durante a guerra de Gaza, antes e hoje.

Mas, especialmente hoje.

Aqueles que esperavam que as atrocidades israelitas na Faixa de Gaza reacendessem um sentimento de remorso entre as elites egoístas em Ramallah, viram o seu erro quando a Autoridade Palestiniana retirou a sua proposta de resolução apoiando as recomendações feitas pelo juiz Sul Africano Richard Goldstone. O relatório Goldstone é a investigação mais abrangente e transparente sobre o que aconteceu em Gaza durante os 23 dias de guerra. Ele denunciou o terror de Israel, e castigou os palestinos também. Mas o foco sobre Israel, foi sem dúvida, o que mereceu e ocupou a maior parte do relatório de cerca 600 páginas. O passo seguinte deveria vir do Conselho de Direitos Humanos: enviar o relatório ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, que estudaria os resultados para um possível encaminhamento do caso para o Tribunal Penal Internacional em Haia. Tal ideia teria sido histórico. Conhecendo as implicações de tal possibilidade, o Hamas aceitou as recomendações do relatório na íntegra. Israel, apoiado por seu aliado tradicional – os Estados Unidos - , rejeitou-a, proferindo todos os tipos de acusações e insultos contra o juiz judaico de renome mundal.

O projecto de resolução – que condena Israel e pede a transferência do relatório para o Conselho de Segurança – deveria ir a uma votação no Conselho no dia 2 de outubro. Infelizmente, a resolução foi retirada ao pedido da Autoridade Palestina e seu presidente Mahmoud Abbas. Amigos palestinianos e na Comissão para os Direito Humanos das Nações Unidas ficaram chocados. Ficaram igualmente chocados quando viram que os enviados da Autoridade Palestiniana discutiram o assunto, não com os aliados Asiático, Africano ou outros aliados tradicionais no Conselho, mas com diplomatas europeus ou dos Estados Unidos, que têm agora uma maior influência sobre a ação política palestiniana do que aqueles que, durante décadas, apoiaram os direitos dos palestinianos em todas as circunstâncias.


Alguma coisa correu terrivelmente mal. Como pode um líder de uma nação ocupada e sofrimenta cometer um tal erro, adiando uma votação de urgência e a discussão de um relatório que diz respeito à morte de mais de 1.400 pessoas, à mutilação de milhares de pessoas, para uma data posterior, seis meses a partir de hoje?

Há muitas respostas. A imprensa israelita e outros alegaram que a pressão dos E. U. A. sobre o Presidente Mahmoud Abbas foi o principal motivo por trás do movimento supostamente imprevisto. Um voto positivo sobre a este resolução iria prejudicar o "processo de paz", portanto, qualquer ação deve ser sufocada por uma questão de dar o "processo de paz" uma hipótese.

Amira Hass do Haaretz opinou: "este submissão crónica é sempre explicada com um desejo de" fazer progressos. "Mas para a OLP e a Fatah, o progresso é a própria existência continuada da Autoridade Palestina, que agora funciona mais do que nunca como uma subcontratada para o IDF, os serviço de segurança do Shin Bet e da Administração Pública ".

Jonathan Cook, no entanto, ofereceu uma outra visão: "Israel avisou que vai renegar o compromisso de atribuir frequências de rádio para permitir que a „Wataniya“, um serviço de telefones móveis, que começará a funcionar este mês na Cisjordânia. O sector de telecomunicações é o alicerce da economia palestiniana, com a empresa de monopólio actual, PALTEL, responsável por metade do valor da bolsa de valores palestiniana ".


"Nenhum sangue por telefones celulares," talvez devesse ser o novo canto na Palestina. Mas este vai ser a triste realidade dos palestinianos por muitos anos. No entanto, não são só os interesses das empresas de telemóveis que triunfam sobre a agonia de Gaza. Na verdade, a cultura pós-Oslo foi defendida também pela classe dos empreiteiros. Estes são os empresários que são os altos funcionários da Autoridade Palestiniana e da Fatah, ou pelo menos a eles intimamente associados. Grande parte dos biliões de dólares de ajuda internacional canalizados para a Palestina após a assinatura de Oslo encontrou o seu caminho em contas bancárias privadas. Riqueza criava mais riqueza e as empresas de "exportação e importação"surgiram como ervas daninhas no meio das habitações dos pobres e dos refugiados nos territórios ocupados. A classe de empresários, ainda representando o papel de revolucionária, invadiu todos os aspectos da sociedade palestiniana para a usar, e controlar, e finalmente sufocar. É afinal a corrupção patrocinada, que, naturalmente, vai encontrar um aliado em Israel, cujo reinado nos territórios ocupados, nunca cessou.

A Autoridade Palestiniana submeteu-se, não por medo de Israel por si só, mas com medo de que tal ira interromperia os negócios, o fluxo de ajuda, e portanto, os contratos. E uam vez que a corrupção não se limita às fronteiras geográficas, os funcionários da Autoridade Palestiniana no estrangeiro trouxeram a vergonha dos palestinianos para um nível internacional. Milhões marcharam nos E.U.A., na Europa, na Ásia, América do Sul e no resto do mundo, apoinado a Faixa de Gaza e as suas vítimas, enquanto alguns embaixadores da Autoridade Palestiniana não conseguiram sequer vir ou mesmo participar nestes manifestações. Quando alguns desses diplomatas falaram ao público, foi simplesmente para o de atacar descaradamente os irmãos palestinianos do Hamas, não para angariar solidariedade internacional com o seu próprio povo vítima dos bombardeamentos.

Culpar imediatamente a 'pressão norte-americana " para explicar a decisão de Abbas no UNHRC já não e suficiente. Mesmo pedir a deposição do velho líder palestiniano de 74 anos é igualmente futil. Abbas representa uma cultura, e este cultura é simplemente egoísta e totalmente corrupta. Se Abbas se demitir, tendo em conta a sua idade, Mohammed Dahlan poderia ser o próximo líder, ou mesmo Mahmoud Habbash, que pediu a Gaza para se rebelar contra o Hamas quando Israel estava a explodir casas palestinianas e as escolas a torto e a direito.

Os palestinianos que pedem agora uma mudança após do episódio da ONU devem reconsiderar a cultura de Oslo na sua totalidade, e especialmente os seus milionários "revolucionários", e suas elites e empreiteiros. Uma alternativa prática para os corruptos devem ser rapidamente elaborada. O muro israelita está a invadir as cidades e aldeias palestinianas na Cisjordânia, e uma nova guerra pode estar à espera. O tempo esgota-se e nossa vergonha colectiva é quase total.

- Ramzy Baroud (www.ramzybaroud.net) é um escritor e editor da PalestineChronicle.com. Seu trabalho foi publicado em jornais, revistas e antologias differenetes em todo o mundo. Seu último livro, "A Segunda Intifada palestina: A Crônica de uma luta do povo" (Pluto Press, Londres), e seu próximo livro é "Meu pai foi um lutador da liberdade: Gaza's Untold Story" (Pluto Press, Londres), agora disponível para pré-venda na Amazon.com.

Monday 19 October 2009

Banksy Wall Art

fonte: Palestine Chronicle


Sunday 18 October 2009

O líder da FPLP A.Sa'adat contesta o isolamento em 22 de outubro

fonte:Somos Todos Palestinos


O camarada e líder Ahmad Sa'adat, o aprisionado Secretário Geral da Frente Popular pela Libertação da Palestina, terá uma audiência de contestação a seu isolamento e à prática de isolamento nas prisões da ocupação no dia 22 de outubro de 2009.

A advogada Leah Tsemel, que representa o camarada Sa'adat na contestação à prática de isolamento (solitária) de prisioneiros políticos palestinos na população geral dos detidos, disse que a contestação será diante da Corte Central de Bir Saba em 22 de outubro, contra a Administração israelense de Prisões.

O camarada Sa'adat tem sido mantido em isolamento (solitária) na prisão de Ramon no deserto de Naqab por seis meses, quando foi transferido da prisão de Hadarim em Asqelan depois de 14 dias de isolamento (solitária). O camarada Sa'adat, assim como outros líderes nacionais e populares dentro da prisão, foram escolhidos para o isolamento (solitária) e em condições abusivas de aprisionamento baseadas em sua atividades, e colocados em unidades especiais de isolamento (solitária). Dentro destas unidades de isolamento, o camarada Sa'adat foi colocado mais profundamente em uma destas unidade separada de isolamento onde ele foi confinado sem acesso mesmo aos outros prisioneiros em isolamento, e privado de Direitos Humanos básicos. Seus livros pessoais foram confiscados e é permitido acesso a jornais só uma ou duas vezes por semana. Lhe foi negada visitas da família - sua esposa, Abla, foi proibida de visita-lo por três meses - assim como visitas legais, e foi impedido de fazer compras na cantina da prisão, inclusive compras de cigarro.

No pátio da prisão, o camarada Sa'adat é mantido algemado e com algemas também nos tornozelos, e lhe é permitido só uma hora de exercício/recreação. Tudo isto foi "justificado" pelas autoridades de ocupação como "castigo" por dar dois pacotes de cigarros a outro prisioneiro. Naturalmente, o camarada Sa'adat tem sido submetido a estas condições desumanas porque é um líder reconhecido entre os prisioneiros, numa tentativa destruir o movimento palestino de prisioneiros e atingir as realizações e lutas dos prisioneiros. Além do mais, a Administração da Prisão tenta criminalizar os relacionamentos humanos e sociais entre os companheiros prisioneiros palestinos, e entre os prisioneiros e as suas famílias de fora. O camarada Sa'adat dirigiu a luta contra isolamento, empenhando-se numa greve de fome de nove dias em julho de 2009 que foi imediatamente seguida pela sua transferência para prisão de Ramon.

O camarada Sa'adat foi mantido preso desde 2002, nas prisões da Autoridade palestina, mantida sob a guarda dos britânicos e dos EUA, até o seu seqüestro pelas forças sionistas de ocupação em 14 de março de 2006, por um ataque da ocupação militar na prisão de Jerico (Ariha). No dia 25 de dezembro de 2008, o camarada Sa'adat foi sentenciado a trinta anos dentro das prisões da ocupação. Ele é membro do Conselho Legislativo Palestino e um dos principais líderes nacionais palestinos mantidos dentro dos cárceres do ocupante.

Se espera que sejam realizados eventos e atividades na Palestina e ao redor do mundo em favor do camarada Sa'adat a partir de 16 a 22 de outubro, clamando por liberdade e justiça para Sa'adat e todos prisioneiros palestinos. Abla Sa'adat, esposa do camarada Sa'adat, chamou por uma campanha mais ampla de solidariedade nos níveis palestino, árabe e internacionais para acabar com as condições desumanas de isolamento enfrentadas pelos prisioneiros palestinos que violam todos padrões básicos de Direitos Humanos, assim como exigir e assegurar sua libertação. Ela acrescenta ainda um chamado à Autoridade Palestina para que assuma responsabilidade neste aspecto, uma vez que tinha a responsabilidade de mante-lo na prisão de Jerico (Ariha) como parte de sua “cooperação de segurança” com o ocupante.
Abla Sa'adat disse mais adiante que está confiante que esses que mantem o soldado capturado da ocupação Gilad Shalit, mantiveram o camarada Sa'adat no topo da lista de prisioneiros cuja libertação é exigida em troca de Shalit.


Frente Popular para Libertação da Palestina - FPLP
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