Friday 25 June 2010

Quem pode deter Israel

Fonte: Outras Palavras

Por Robert Fisk, no The Independent | Tradução: Caia Fittipaldi, de Vila Vudu

Israel perdeu? As guerras de Gaza em 2008-09 (com 1,3 mil mortos) e do Líbano, em 2006 (com 1.006 mortos); todas as outras guerras; e, agora, a matança da madrugada de segunda-feira significam que o mundo decidiu rejeitar os atos de Telavive? Não se deve esperar tanto. Mas algo novo certamente aconteceu.

Basta ler a desfibrada declaração da Casa Branca – segundo a qual o governo Obama estaria “trabalhando para entender as circunstâncias que cercam a tragédia”. Condenação? Nem uma palavra. E pronto. Nove mortos. Mais uma estatística, na matança no Oriente Médio.

Não: não é só mais uma estatística.

Em 1948, nossos políticos – norte-americanos e britânicos – estabeleceram uma ponte aérea para abastecer Berlim. Uma população faminta (nossos inimigos, havia apenas três anos) estava cercados por um exército brutal, os russos, que havia sitiado a cidade. O levante do cerco de Berlim foi um dos momentos altos da Guerra Fria. Nossos soldados e aviadores arriscaram e deram a vida por aqueles alemães mortos de fome.

Parece incrível, não é? Naqueles dias, nossos políticos decidiam; muitas vezes decidiram salvar vidas. O primeiro-ministro bitânico, Clement Attlee, e o presidente dos EUA, Harry Truman, sabiam que Berlim importava, tanto em termos morais e humanos quanto em termos políticos.

Hoje é gente comum quem decide viajar até Gaza. Europeus, norte-americanos, sobreviventes do Holocausto. Viajaram porque seus políticos e governantes os abandonaram. Falharam. Fracassaram.

Onde estavam os políticos e governantes na madrugada da segunda-feira? OK, ok, apareceram o ridículo Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, a declaração patética da Casa Branca e o caríssimo Tony Blair, com cara de “profunda lástima e choque ante a tragédia de tantas mortes”. Mas… E o premiê britânico, James Cameron? E o ministro Nick Clegg, seu pareceiro de coligação?

Em 1948, claro, teriam ignorado os palestinos, não resta dúvida. Há aí, afinal, uma terrível ironia: o levante do cerco de Berlim coincidiu exatamente com a destruição da Palestina árabe.

Mas é fato irrecusável de que a multidão — gente comum, ativistas, deem-lhes o nome que quiserem — é hoje quem toma as decisões que mudam o curso dos acontecimentos. Nossos políticos são desfibrados, sem espinha dorsal, covardes demais, para decidir as decisões que salvam vidas. Por que? Como chegamos a isso? Por que, ontem, não se ouviu palavra saída da boca de Cameron e Clegg (dentre outros, claro)?

Claro, também, sim, que se fossem outros europeus (ora essa! Os turcos são europeus, não são?) os metralhados naqueles barcos, por outro exército árabe (ora essa! O exército de Israel é exército árabe!), então, sim, haveria ondas e ondas de indignação e ultraje.

E o que tudo isso diz sobre Israel? A Turquia não é aliada muito próxima de Israel? E, de Israel, os turcos recebem o que receberam? Hoje, o único aliado que restava a Israel, no mundo muçulmano, fala de “massacre” – e Israel parece não dar qualquer importância ao que diga a Turquia.

Israel tampouco deu qualquer importância quando Londres e Canberra expulsaram os diplomatas israelenses, depois de Israel forjar passaportes britânicos e australianos, para, com eles, perpetrar o assassinato do comandante Mahmoud al-Mabhouh do Hamás. Tampouco deu qualquer importância aos EUA e ao mundo, quando anunciaram a construção de novas colônias exclusivas para judeus em terra ocupada em Jerusalém Leste, durante visita de Joe Biden, vice-presidente dos EUA, aliado-supremo de Israel. Se Israel não deu qualquer importância a esses aliados, por que daria alguma importância a alguém, hoje?

Como chegamos a esse ponto? Talvez porque já nos tenhamos habituado a ver israelenses matando árabes; talvez os próprios israelenses tenham-se viciado em matar árabes, até cansarem. Agora, matam turcos. E europeus.

Alguma coisa mudou no Oriente Médio, nas últimas 24 horas – e os israelenses, se se considera a resposta política extraordinariamente estúpida, pós-matança, não dão qualquer sinal de ter percebido a mudança. O que mudou é que o mundo, afinal, cansou-se das matanças israelenses. Só os políticos ocidentais não têm o que dizer, hoje. Só eles estão calados.

Wednesday 23 June 2010

O cartunista da luta palestina

Fonte: Outras Palavras


Entrevista a Niara de Oliveira, seguida de coletiva via Twitter

O cartunista Carlos Latuff tem 41 anos e viveu quase toda vida em São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Solteiro, não tem ideia de quantas horas trabalha por dia, sobrevive dos desenhos e charges para a imprensa sindical e dedica quase todo seu tempo livre aos palestinos e à luta pelos direitos humanos mundo afora. Apaixonado por fotografia e fã ferroviário, mantém o blog Ferrovias do Brasil, além de uma galeria online com seu trabalho e uma página no Twitter.

É, em geral, pouco conhecido e reconhecido no Brasil. Mas seus desenhos estão presentes em toda manifestação pró-Palestina em qualquer lugar do mundo e os carros dos comboios de ajuda humani tária à Faixa de Gaza são cobertos com seus cartuns, como mostra este post, publicado no blog de Maria Frô.

Falando às vésperas de viajar para Atenas — onde é o único “artivista” brasileiro presente ao Resistance Festival, Latuff respondeu a uma verdadeira sabatina virtual em dois momentos. Primeiro, uma entrevista concedida a mim via MSN, numa madrugada de sábado; depois, via Twitter num domingo à noite com a participação direta de mais de vinte internautas. Conheça um pouco mais de sua vida, ideias e trabalho.

Onde nasceste? Como foi a tua infância, família, irmãos…?

Nasci e me criei no Rio de Janeiro, em São Cristóvão. Meu pai, servidor público do extinto Instituto Brasileiro do Café; minha mãe, dona de casa inicialmente e depois tendo que trabalhar num colégio para ajudar nas despesas. Infância introspectiva, não gostava de passear, saía a contragosto. Gostava mesmo de ver desenhos de Hanna Barbera e Ultraman na nossa TV preto-e-branco. Além, é claro, de desenhar. Tive dois irmãos, já falecidos.

O desenho sempre esteve presente?

Sim, sempre. Gostava de desenhar até em embalagem de cigarro e caixa de remédio, pasta de dente. Alguns destes desenhos tenho até hoje. Gostava também de revistas para colorir e gibis.

Quando menino sonhavas com o que, em ser o que? Sabias que o desenho era o caminho?

Sempre quis ser desenhista, só que tanto eu quanto minha família acreditávamos que isso era coisa de gente rica ou famosa, gente que tinha parente influente: o chamado “QI” (Quem Indica). O senso comum era que ser desenhista era trabalhar para revistas e jornais, portanto, não era coisa pra qualquer um. No entanto, sempre que me viam desenhando comentavam que seria desenhista.

Tens formação acadêmica?

Nenhuma, tenho o segundo grau (ensino médio) apenas.

Religião?

Fui batizado, estudei em colégio de freira, fiz primeira comunhão, mas nada disso foi suficiente para seguir o caminho do catolicismo. Não tenho religião atualmente.

Onde o ativismo te encontrou?

Só foi me encontrar lá pelo final dos anos 90. Por volta de 1996, quando assisti na TV um documentário sobre os zapatistas. Mesmo tendo iniciado minha carreira na imprensa sindical de esquerda (onde trabalho até hoje, com muito orgulho), até então não me sentia ou agia como militante de qualquer espécie. Achava inclusive que convicções políticas e profissão eram coisas que poderiam ser separadas.

Daí em adiante, o que mudou?

Cheguei a trabalhar como cartunista na campanha de FHC, ilustrando cartilhas. Com o tempo, fui entendendo que não se pode servir a dois senhores. Se achar de esquerda e trabalhar pra direita não rola. Especialmente em se tratando de emprestar meu talento, meu traço, pra safado. Compreendi que deveria colocar meu trabalho a serviço de causas humanitárias, sociais, da luta dos povos.

Com que idade começou a trabalhar? Não ir para a universidade foi uma opção?

Comecei trabalhando aos 15 anos como office-boy numa agência bancária na Visconde de Pirajá, em Ipanema. Nunca pensei em ir pra faculdade porque o que eu precisava saber para ser um desenhista não estava na academia. Na verdade, boa parte do que aprendi no meu ofício foi por conta própria. Salvo um curso que fiz no SENAC e outro no Parque Lage, este último de grande valia.

Tu escreves bem demais. Lês muito?

Leio bem pouco, confesso que isso é meu calcanhar de Aquiles. Eu admiro quem consegue ler um livro do começo ao fim.

O teu ativismo exerces todo através do desenho ou tem outras formas?

Tento me colocar publicamente através de minhas charges, escritos, opiniões, palestras, vídeos, fotos, porque acredito que omitir-se não é opção.

Como foi ou onde foi que decidiste ir ao Oriente Médio?

Ao fazer uma charge sobre a violência dos colonos judeus contra palestinos e enviá-la ao Palestinian Center for Peace and Democracy, em Ramallah, surgiu o convite deles para visitar a Palestina e conhecer o drama daquele povo de perto. Foi uma viagem iniciática, nunca se volta o mesmo de uma coisa assim. Isso foi em 1999.

O ativismo pró-palestinos ocupa quanto do teu tempo e trabalho hoje?

Pra falar a verdade, passo a maior parte do tempo desenhando para a imprensa sindical sobre diversos assuntos. A questão é que a causa palestina me emociona muito, minha relação com aquele povo é mais passional, assim como também é passional a forma como desenho sobre a violência da polícia carioca.

Quantas horas trabalhas por dia?

Não tenho idéia.

Imagino que recebas dezenas de pedidos de desenhos e devas recusar muitos desses pedidos. Tens ideia de quantos?

Tento atender sempre dentro das minhas possibilidades. A maior parte destes pedidos é de integrantes de movimentos populares (movimento estudantil, sem-terra, direitos humanos, sem-teto) para ilustrar materiais informativos, cartazes, camisas, etc. E fico feliz de poder ajudar. Não tenho ideia de quantos. São muitos, pode ter certeza.

Há um grande teor religioso nesse embate entre judeus e palestinos. A saída estaria no ativismo sem esse componente?

Por conta da Palestina ser sítio sagrado para cristãos, judeus e muçulmanos, o ingrediente religioso está presente, mas não é determinante. O conflito da Palestina é essencialmente geopolítico.

Sempre percebi que o combustível dos ativistas são causas justas e utópicas, quase impossíveis. Tu tens esperança de ver a Palestina livre ou pelo menos Gaza desbloqueada?

Essa é a pergunta de um milhão de dólares para qual não tenho resposta. Tudo o que posso dizer é que enquanto viver estarei do lado do povo palestino para o que der e vier.

Sendo o conflito da Palestina geopolítico, qual é a solução? O que pra ti é a solução, já que a convivência pacífica entre judeus e palestinos hoje parece tão improvável?

A solução é fazer justiça aos palestinos que tiveram suas terras tomadas na mão-grande, com o beneplácito das superpotências e da ONU. Fazer justiça aos tantos refugiados impedidos de voltar a sua terra natal, sendo obrigados a viver em favelas como as que vi na Jordânia e no Líbano. É reconhecer o direito do povo palestino à soberania.

Alguma esperança da ONU assumir seu papel na solução dos conflitos e de mediadora da paz?

Enquanto houver Estados Unidos, não.

Como tu achas que essa emergência do Brasil na mediação de conflitos internacionais pode ajudar a Palestina?

Parece que os Estados Unidos têm a primazia, quando o assunto é Oriente Médio. Nem mesmo as opiniões da Liga Árabe ou da ONU contam, quando o assunto é Israel-Palestina. Ninguém tem coragem de melindrar Washington. Pelo menos, até agora. O acordo entre Brasil, Turquia e Irã pode ser o início de uma quebra de paradigma.

Eu li um comentário teu sobre a esquerda brasileira, que estaria mais interessada nas eleições presidenciais. Constatação apenas ou crítica?

A entrada de novos atores naquele cenário. Constatação e crítica. Claro que quando me refiro a “esquerda” me refiro àquela institucionalizada, que joga de acordo com as regras, que aposta tão somente nesse sistema eleitoral viciado. Esquerda pra mim de verdade é movimento popular, de massa, de base.

Opinião sobre o governo Lula?

Costumava ver mais mobilização de rua quando FHC era presidente. Parece que um dos êxitos de Lula foi ter engessado o movimento sindical e dividido a esquerda ainda mais. Mas como sempre costumo dizer, prefiro discutir o sistema econômico, que não mudou, do que indivíduos. Caso contrário, entraremos na polarização inútil. Democratas versus Republicanos, como nos EUA.

Costumas te posicionar nas disputas eleitorais. Declaras apoio, voto a candidatos?

Não.

Votas? O que pensas dessa nossa democracia sistema eleitoral. T eens um ideal de democracia?

A última vez em que votei em alguém foi no pleito em que Lula se elegeu pela primeira vez. De lá pra cá tenho anulado conscientemente. Eu que já fiz visitas forçadas a delegacias por desenhar contra a violência policial, acho engraçado quando me falam em democracia, instituições democráticas. Preciso aprender o que seria a tal democracia. Certamente não deve ser isso que eu vivo aqui no Brasil.

Sempre que se reclama dessa democracia, vem alguém lembrar do tempo em que não a tínhamos e que muitos morreram para que pudéssemos votar, e etc. Como vês a transição da ditadura para o que temos agora (já que não consideras como democracia)?

Duvido que os guerrilheiros do Araguaia ou da guerrilha urbana tivessem sacrificado suas vidas pra gente poder apertar botão na urna eletrônica e eleger gente como Sarney ou Maluf. Definitivamente, não foi pra isso que muitos tombaram enfrentando a ditadura. Mudança pra valer é, por exemplo, combater o latifúndio, e não importa o quanto você vote. Não são políticos que o farão, até porque muitos deles são latifundiários. Existe governo e existe poder. Troca de governo se dá com eleição. Troca de poder se dá com revolução. Um bom mote para se Twittar .

Um dos grandes argumentos daqueles que defendiam a não-revisão da Lei da Anistia, no caso recente do julgamento no STF, é que os guerrilheiros da esquerda não lutavam por democracia. Estás afirmando o mesmo?

Se isso que temos atualmente é democracia, então não, não foi pra isso que eles lutaram. (Essa entrevista vai acabar um hora, né?)

Qual a tua maior utopia?

Não tenho nenhuma.

Ver a Palestina livre não é uma?

Isso é uma necessidade prática, não utopia. Utopia é bater os braços e voar.

    * Logo após essa entrevista, por volta das 6h da manhã do sábado 5 de junho, Latuff ainda desenhou esse cartum [http://latuff2.deviantart.com/gallery/#/d2r53x9]sobre o barco irlandês da Flotilla, Rachel Corrie, inspirado no cartaz do filme Tubarão.

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Entrevista colaborativa, via Twitter:

@luciouberdan Como é o processo produtivo de suas suas ilustrações? que técnicas usas? Digitais e não digitais?

Prefiro o método tradicional. Lápis no papel, caneta por cima, scanear e colorir no PC ou com lápis aquarelado.

@irlansimoes Em quem votará para presidente em 2010?

Voto em quem puder desbancar o Serra.

@claudiorr Como você percebe a censura hoje no Brasil? Já recebeu retaliação por alguma charge “olímpica”?

Em 2006, se não me engano, a polícia bateu aqui em casa por ter desenhado o mascote dos jogos panamericanos. Sérgio Cabral já mandou tirar outdoor sobre violência policial no Rio. A censura tem outra cara hoje.

@irlansimoes Quem são suas principais inspirações políticas e artísticas (incluindo cartunistas)?

Inspiro em artistas militantes do passado como, por exemplo, John Heartfield, já que hoje maioria dos artistas só olham para o próprio rabo.

@JanquielPapini Se considera um artista ativista, de protesto ou é contra rótulos e tal?

Sou isso mesmo, um artista ativista ou um “artivista”, não me incomoda o rótulo.

@claudiorr Na “era Twitter”: uma imagem vale mais que 140 caracteres?

Gosto de perceber que uma imagem pode ser entendida em qualquer país sem necessidade de tradução.

@katytasv Você se considera um artista engajado, mas qual causa que mais te atrai em suas artes?

A causa palestina e a violência policial são as que me emocionam mais.

@Jofeol Como surgiu o seu interesse pela situação no Oriente Médio?

Desde uma viagem que fiz a Cisjordânia em 1999 a convite do Palestinian Center for Peace and Democracy.

@tsavkko Como é ser publicado por todo o mundo mas, no geral, ser ignorado pela mídia brasileira?

Não há o contraditório na mídia brasileira. Mesmo nos EUA, você tem espaço para debate. Aqui, só vale a versão oficial.

@Jofeol Você acha que faltam mais chargistas engajados em questões políticas e sociais, no Brasil e no mundo?

Eu até conheço artista engajado lá fora, mas aqui parece que está todo mundo impregnado com o tal do “pós-modernismo”.

@tsavkko Vês diferença entre a mídia brasileira e estrangeira na cobertura que fazem em relação à Palestina?

Mídia ocidental é mais favorável a Israel. Mas tem sido um trabalho difícil aliviar as recentes atrocidades de Tel Aviv.

@Jofeol E sobre o seu interesse pelas ferrovias, de onde vem? Em que momento o país errou? Saudade do Expresso de Prata…

A opção do governo JK pelo chamado “rodoviarismo” foi o que levou ao declínio das ferrovias e privilegiou o truste automobilístico internacional. Pagamos o preço até hoje.

@Guilhermeletras Você acha que trabalhos como o seu são bem valorizados no Brasil?

Meu trabalho sempre teve reconhecimento da imprensa sindical de esquerda e movimento popular, é o que vale pra mim.

@luciouberdan Nota-se uma relação forte sua com a causa palestina. Por que essa luta, ainda que te conecte com outras lutas?

Mudam-se os povos, as nações, mas no final o inimigo é sempre o mesmo, aqui ou na Palestina.

@maria_fro Conta a história de você estar na lista negra de Israel/Mossad. Como descobriu? Você ainda está nela?

Notícia ruim é sempre a primeira a chegar. Enquanto apoiar os palestinos, sempre estarei em alguma listinha safada.

@tgpgabriel Você ainda acredita em alguma mudança na ONU em relação à Palestina enquanto os EUA continuarem apoiando Israel?

Quem sabe se países como Irã, Turquia e Brasil se organizem em blocos, possam rever a hegemonia dos EUA sobre a ONU.

@robsongfreire Como descobriu que estava na lista negra de Israel/Mossad?

Um site ligado ao Likud publicou que eu era uma ameaça a Israel e que “deveriam ter cuidado de mim há muito tempo”.

@claudiorr Há outros artistas contemporâneos com trabalhos próximos aos seus que você nos recomendaria conhecer?

Eu indicaria um site de cartunistas árabes chamado Arab Cartoon www.arabcartoon.net

@Sammy_Takahashi O Sr. acha que existe algum meio de comunicação isento ou ao menos confiável hoje, no Brasil?

Isento ninguém é. Há os que apóiam a luta dos povos e os que apóiam seus opressores. A velha luta de classes.

@CintiaBarenho De onde vem as inspirações para charges “ambientalistas” de denúncia, especialmente aos transgênicos?

Agressões ao meio-ambiente são resultado de um modelo de produção capitalista. E eu sou anticapitalista.

@claudiorr Dunga ou Maradona?

Maradona.

@CintiaBarenho Indica alguma imagem dos artistas militantes do passado (ex. John Heartfield) que te inspiras

As fotomontagens de Heartfield ridicularizando os nazistas e Hitler são obras de arte.

@Nilson_de_Vix O que funciona mais em uma charge, o humor ou a indignação?

Se conseguir juntar as duas coisas, melhor. Mas não sou um cartunista do riso fácil.

@irlansimoes Qual seria a sua “mensagem” para os cartunistas de hoje em dia? E como avalia o papel destes hoje?

Minha classe está muito alienada, não tenho nada a dizer a eles.

@jnascim Você tem planos/propostas para (e interesse em) atuar em outros formatos. Por exemplo, com animação?

Gosto de animação, mas não é minha praia. Não teria muita paciência pra fazer.

@Nilson_de_Vix Você avalia que a charge no Brasil atual abriu mão de ser ativista para ser acomodada ao pensamento único patronal?

Não que toda arte deva ser militante, mas o que temos hoje é a falta de compromisso com a mudança radical dessa realidade.

@polivocidade Como você avalia a posição do governo brasileiro em relação à questão do Oriente Médio?

O acordo Brasil-Irã-Turquia foi um passo importante que analistas avaliam como reorganização de forças no cenário mundial.

@tsavkko Como vês o papel dos blogs independentes na divulgação e apoio da causa palestina e dos movimentos sociais?

São os blogs hoje que promovem as opiniões que você não verá na “grande” imprensa.

@Jofeol Qual é a origem do seu nome?

Libanesa, de meu avô, Nagib Latouf.

@tgpgabriel Você acha que a falta de chargistas engajados no país se deve ao medo de serem ignorados pela mídia brasileira?

Penso que a maioria dos artistas tem sido infectada pela doença do século: o individualismo.

@katytasv De onde vem sua paixão por ferrovias? Suas viagens são sempre de trens? Qual o lugar que mais te encantou?

Não sei ao certo, acho que é um fetiche. Viagem de trem, só para os subúrbios cariocas. Tóquio.

@frederico_neto Tem como fazer uma charge política sobre os escândalos da Assembleia Legislativa do Paraná e os atos secretos?

Minha cabeça está mais voltada agora para o massacre da Flotilla.

@Nilson_de_Vix O Ministério Público parece querer amordaçar o eleitor antes do período de campanha. Você acredita em democracia tutelada?

Acredito que democracia deva ser bem mais que apertar botãozinho vermelho, branco ou verde.

@fernanda_ Você pinta as suas charges em forma de quadro? Ou desenha mais no computador? Adoraria comprar um quadro seu.

Na maioria das vezes, eu ponho cores no computador. Às vezes, uso lápis aquarelado. Você pode baixar e imprimir de graça.

@alexleao Interessante o número de artistas interessados em ferrovias, no Brasil e no mundo. Coincidência?

São muitos os fãs ferroviários pelo mundo que fazem fotos, vídeos e ilustrações. Thomas Edson mesmo fez filmes de trens.

@Nilson_de_Vix Pelas charges dos jornais no Brasil de hoje, parece que o Amigo da Onça assumiu a prancheta, não?

O Amigo da Onça agora virou editor-chefe da Folha. Hahahahaha!

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