Neste Dia da Criança, muitas são as que recebem presentes , brincam e curtem as alegrias dessa importante fase da vida. Mas a maior parte delas, não têm direito a nada disso, pois desde cedo, enfrentam as mazelas da vida impostas aos pobres e miseráveis de todos os países, pelo sistema capitalista/imperialista. Entretanto, em um só lugar no mundo, as crianças, impelidas pela dramática situação em que vivem, assumem a tarefa de lutar , ao lado dos adultos,em defesa de sua pátria e de seu povo: as crianças da Palestina ocupada. E por isso, são feitas prisioneiras pelas forças da ocupação de Israel- o único país do mundo onde existem prisioneiros políticos com menos de 16 anos, às vezes com 12 anos de idade. Seus “crimes”: atirarem pedras nos tanques do exército invasor ou outras ações semelhantes.
Já existe o Dia Internacional das Crianças Vítimas Inocentes de Agressão na Palestina -4 de Junho. Mas pela gravidade desta absurda situação, convém lembrar delas neste Dia da Criança, também.
As crianças prisioneiras palestinas vivem em condições desumanos nas prisões israelenses. Encarceradas em celas abarrotadas e sujas. Frequentemente, são colocadas em solitárias, cujas celas medem 1,5 metros quadrados, praticamente um caixão. Essas celas são extremamente úmidas , sem janelas ou aberturas que permitam a entrada de luz natural. Uma lâmpada com luz brilhante é mantida acesa continuamente . Isto força os prisioneiros a permanecerem acordados por dias, em alguns casos.
Qualquer deslize e as crianças prisioneiras ficam proibidas de receberem alimento suficiente para cumprir as exigências diárias para a nutrição infantil, são impedidas de ir ao toalete de acordo com suas necessidades e de trocarem as roupas. Elas não têm praticamente nenhuma assistência médica . As autoridades israelitas violam descaradamente a lei internacional com sua notória negligência médica, não atendendo aos padrões mínimos previstos pelas Nações Unidas para tratamento de prisioneiros. Embora a Lei Internacional seja extremamente clara na exigência da continuidade dos estudos, as crianças das prisões israelenses , não têm acesso á instrução.
As crianças palestinas encarceradas são submetidas à tortura física e psicológica durante o interrogatório para forçá-las a confessarem ações que podem ou não ter praticado. A maioria das confissões e as sentenças são relacionadas ao arremesso de pedras . Sob pressão física e psicológica extrema, as crianças, às vezes, confessam as tais atividades para que os carrascos parem as torturas, assumindo atos que não praticaram. Muitas vezes, são obrigadas a assinarem confissões em hebraico, um idioma que não entendem.
Durante o interrogatório, as crianças são isoladas de suas famílias e os advogados, na maioria dos casos, não são informados sobre o lugar de sua detenção. Geralmente , não contam com um advogado durante o primeiro período de interrogatório. O desamparo sentido por esses menores é imenso quando percebem que estão sós numa sala de interrogatório, por conta do interrogador, o que representa uma pressão psicológica a mais , numa situação que já é , por si só, aterrorizante.
Esses menores são, muitas vezes, atacados por prisioneiros criminosos israelitas; estão sujeitas à perseguição sexual, física e verbal. O assédio sexual já foi praticado contra um grande número de crianças prisioneiras. Elas sofrem ameaças de agressão e pancadas na cabeça se relatarem o incidente à administração. Um menino, que apresentou queixa à administração sobre o assédio sexual , foi atacado por prisioneiros criminosos israelita com facas e ferido no pé. Além disso, esses menores ainda estão sujeitos ao roubo de pertences pessoais, incluindo cartões de telefone, sapatos e gêneros alimentícios que são comprados na cantina da prisão. Não existe nenhum tipo de atividades recreativa, nem acesso a livros ou jornais. A proibição de visitas dos familiares tem um impacto psicológico que deixa seqüelas em prisioneiros infantis. Tudo isso está em flagrante desrespeitos às leis internacionais de proteção à criança.
Como se não bastasse ser parte de um povo destituído, aterrorizado e massacrado, viverem no isolamento,no esgoto, passarem fome, sendo impedidos de terem pleno acesso à água, à luz, à assistência médica adequada; conviverem com seus pais desempregados entregues ao desespero, sofrerem constantemente o assédio do exército invasor, as crianças palestinas, muitas vezes, ainda têm que enfrentar a tortura e as privações nas cadeias de Israel, por ousarem resistir a tudo isso.
Apesar de todo seu poderio bélico e do apoio das maiores potências mundiais, Israel não está conseguindo fugir do seu destino: ser odiado pela maioria dos povos. Em breve terá que se confrontar com seu momento África do Sul do Apartheid e ver seu nome jogado na mesma lama em que foi atirado o Regime Nazista de Hitler.
Milhares de pessoas em todo o mundo vem aderindo à causa palestina. Multidões foram às ruas em quase todos os países para protestarem contra os massacres em Gaza. A campanha do BDS está em franco crescimento, impondo uma queda de mais de 40% nas exportações israelenses . Muitas empresas e bancos são obrigados, pela pressão popular, a abandonarem seus projetos em Israel.
Mas é preciso muito mais.A África do Sul não era uma potência militar e não tinha uma coalizão dos mais poderosos exércitos do mundo dispostos a defendê-la, não tinha a importância estratégica que tem Israel para o imperialismo , pois não estava a serviço de um projeto expansionista e de dominação regional e não tinha a mídia mundial quase totalmente sob seu controle. Por isso, os esforços para barrar o criminoso regime nazi-sionista deverão ser maiores do que os realizados para destruir o odioso regime do apartheid na África do Sul. Não está sendo uma tarefa fácil. Mas, com toda a certeza, é uma tarefa possível.
Beth Monteiro