fonte: To Shoot an Elephant
Tuesday, 19 January 2010
Documentario: To Shoot an Elephant
Thursday, 14 January 2010
O Muro de Ferro
fonte:Counterpunch
Bloqueio Egípcio
O Muro de Ferro
Por Uri Avnery
tradução Ana Sofia Gomes, equipa Todos Por Gaza
Uma coisa estranha, quase bizarra, está a acontecer no Egipto durante estes dias.
Cerca de 1400 activistas de todo o mundo juntaram-se ali para depois seguirem para a Faixa de Gaza. No aniversário da Guerra “Chumbo Fundido”, tencionam participar numa manifestação não violenta contra o bloqueio continuo que torna a vida dos 1,5 milhões da habitantes da Faixa intolerável.
Simultaneamente, outros protestos tiveram lugar em vário países. Também em Tel Aviv foi planeado um grande protesto. O “comitá monitorizador” dos cidadãos árabes de Israel iria organizar un evento na fronteira com Gaza.
Quando os activistas internacionais chegaram ao Egipto, uma surpresa aguardava-os. O governo egípcio proíbiu a sua viagem a Gaza. Os autocarros foram parados nos arredores do Cairo e voltaram para trás. Manifestantes individuais que conseguiram chegar ao Sinai em autocarros normais foram retirados dos mesmos. As forças de segurança egípcias fizeram uma caça aos activistas.
Os activistas enraivecidos cercaram as suas embaixadas no Cairo. Na rua em frente à embaixada francesa, surgiu uma tenda que rapidamente foi rodeada pela polícia egípcia. Vários manifestantes juntaram-se em frente das suas embaixadas e exigiram ver o embaixador. Muitos activistas que têm mais de 70 anos, iniciaram uma greve de fome. Em todo o lado, manifestantes foram detidos pelas unidades de elite egípcias que vestiam o equipamento anti-motim, enquanto que as carrinhas dos canhões de água se encontravam atrás. Os manifestantes que tentaram reunir-se na praça central de Tahrir (libertação) no Cairo foram maltratados.
No fim, depois de um encontro com a mulher do presidente, foi encontrada uma solução tipicamente egípcia: foi permitido que cem activistas entrassem em Gaza. O resto permaneceu no Cairo, admirados e frustrados.
* * *
Enquanto os manifestantes estavam a arrefecer as ideias na capital egípcia e tentavam encontrar formas de libertar a sua raiva, Binyamin Netanyahu foi recebido no palácio presidencial no coração da cidade. Os seus anfitriões foram longe nos elogios e na celebração da sua contribuição para a paz, especialmente o “congelamento” da construção de colonatos na Cisjordânia, um falso gesto que não incluiu Jerusalém Oriental.
Hosni Mubarak e Netanuahu já se tinham encontrado no passado, mas não no Cairo. O presidente egípcio insistiu sempre que os encontros tivessem lugar em Sharm-al-Sheikh, o mais longe possível dos centros populosos. O convite para o Cairo foi, portanto, um passo significativo na aproximação de relações.
Como prenda especial para Netanyahi, Mubarak concordou em permitir a centenas de israelitas vir ao Egipto e rezar no mausoléu do Rabi Yaakov Abu-Hatzeira que morreu e foi enterrado na cidade egípcia de Damanhur há 130 anos quando ia a caminho da Terra Santa a partir de Marrocos.
Há qualquer coisa de simbólico em tudo isto: o bloqueio de manifestantes pró-palestiniano a caminho de Gaza ao mesmo tempo do convite dos israelitas para virem a Damanhur.
* * *
Podemo-nos interrogar sobre a participação egipcía no bloqueia à Faixa de Gaza. O bloqueio começou antes da Guerra de Gaza e tornou a o território naquilo que tem sido descrito como “a maior prisão do mundo”. O bloqueio inlcui tudo excepto medicamentos essenciais e a produtos alimentares muito básicos. O senador dos EUA John Kerry, ex-candidato à presidência, ficou chocado ao ouvir que o bloqueio incluía massa – o exército israelita na sua infinita sabedoria designou este alimento como um luxo. O bloqueio abrange tudo – desde materiais de construção até aos livros escolares das crianças. Tirando os mais graves casos humanitários, ninguém pode passar da Faixa de Gaza para Israel ou para a Cisjordânia e o mesmo aplica-se para o sentido contrário.
Mas Israel controla apenas três lados da Faixa. As fronteiras Norte e Este estão bloqueada pelo exército israelita, a fronteira Ocidental pela marinha. A quarta fronteira, a do Sul, é controlada pelo Egipto. Portanto, todo o bloqueio seria ineficaz sem a participação egípcia.
Ostensivamente, isto não faz sentido. O Egipto considera-se a si próprio como o líder do mundo árabe. É o país árabe mais populoso situado no centro do mundo árabe. Há cinquenta anos atrás, o presidente egípcio, Gamal Abd-al-Nasser, era o ídolo de todos os árabes, especialmente dos palesinianos. Como pode o Egipto colaborar com o “inimigo sionista”, como chamavam os egípcios a Israel, para por 1,5 milhões de irmãos árabes de joelhos?
Até recentemente, o governo egípcio defendia uma solução que representa bem o poder político egípcio de 60 000 anos. Participou no bloqueio mas fechou os olhos às centenas de túneis escavados por baixo da fronteira Egipto-Gaza através dos quais passavam abastecimentos diários para as populações (por preços exorbitantes e com lucros altíssimos para os mercadores egípcios), juntamente com armas. Também pessoas passaram por eles – desde activistas do Hamas até noivas.
Isto está prestes a mudar. O Egipto começou a construir um muro de ferro – literalmente – ao longo de toda a fronteira com Gaza, consistindo em pilares de aço enterrados profundamente no chão de modo a bloquear todos os túneis. Isto vai finalmente sufocar os habitantes.
Quando o grande extremista sionista, Vladimir Ze'ev Jabotinsky, escreveu à 80 anos atrás sobre erguer um “muro de ferro” contra os palestinianos, nem sonhou que seriam os árabes a fazer exactamente isso.
* * *
Por que é que o fazem?
Existem várias explicações. Os cínicos dizem que o governo egípcio recebe um subsídio americano altíssimo todos os anos – quase dois mil milhões de dólares – por cortesia de Israel. Começou por ser uma recompensa pelo tratado de paz egípcio-israelita. O lobby israelita no Congresso dos EUA pode pará-lo a qualquer altura.
Outros acreditam que Mubarak tem medo do Hamas. A organização começou por ser um ramo palestiniano da Irmandade Muçulmana, que continua a ser a principal oposição ao seu regime autocrático. O eixo Cairo-Riad-Amã-Ramllah está num posição contra o eixo Damasco-Gaza que está aliado ao eixo Teerão-Hezbollah. Muitos acreditam que Mahmoud Abbas está interessado em apertar o bloqueio a Gaza para prejudicar o Hamas.
Mubarak está zangado com o Hamas que se recusa a dançar ao seu tom. Como os seus prodecessores, ele exige que os palestinianos obedeçam às suas ordens. O presidente Abd-al-Nasser esteve zangado com a OLP (um organização criada por ele para assegurar o controlo egípcio sobre os palestinianos mas que lhe escapou quando Yasser Arafat subiu ao poder). O presidente Anwar Sadat esteve zangado com a OLP por ter rejeitada o Acordo de Camp David que prometia aos palestinianos apenas “autonomia”. Como se atrevem os palestinianos, um povo pequeno e oprimido, a recusar o “conseolho” do Grande Irmão?
Todas estas explicações fazem sentido. Contudo, a atitude do governo egípcio continua a ser espantosa. O bloqueio egípcio a Gaza destrói as vidas de 1,5 milhões de seres humanos, homens e mulheres, velhos e crianças, a maior parte dos quais não são activistas do Hamas. Isto é feito publicamente, diante dos olhos de centenas de milhões de árabes, 1,250 milhões de muçulmanos. Também no próprio Egipto, milhões de pessoas estão envergonhadas pela participação do seu país em deixar irmãos árabes a morrer à fome.
É um política muito perigosa. Por que é que Mubarak a segue?
* * *
Provavelmente, a verdadeira resposta é que ele não tem escolha.
O Egipto é um país muito orgulhoso. Quem quer que seja que esteve no Egipto sabe que mesmo os mais pobres estão cheios de orgulho nacional e é facilmente insultado quando o sua dignidade nacional é ferida. Isto foi posto em evidência há algumas semanas, quando o Egipto perdeu um jogo de futebol contra a Argélia e comportou-se como se tivesse perdido uma guerra.
“Considerem isto a partir destas Pirâmides, 40 séculos observam-te,” disse Napoleão aos seus soldados na véspera da Batalha do Cairo. Cada egípcio sente que 6000 – alguns dizem 8000 – anos de História observam-no a tempo inteiro.
Este profundo sentimento vai contra a realidade numa altura em que a situação do Egipto se torna cada vez mais miserável. A Arábia Saudita tem mais influência, o pequeno Dubai tornou-se um centro financeiro internacional, o Irão está crescer como potência regional. Contrariamente ao Irão, onde os Ayatollahs pediram às famílias para se limitarem a dois filhos, a natalidade egípcia está a devorar tudo, condenando o país à pobreza permanente.
No passado, o Egipto foi bem sucedido em equilibrar as suas fraquezas internas com os seus sucesso exteriores. O mundo inteiro considera o Egipto como o líder do mundo árabe, tratando-o como tal. Nada mais.
O Egipto está numa má situação. Portanto, Mubarak não tem escolha senão seguir os dictames dos EUA – os quais são, de facto, dictames isrealitas. Esta é a verdadeira explicação para a sua participação no bloqueio.
* * *
Quando falei na manifestação em Tel-Aviv, depois de termos marchado pelas ruas protestando contra o bloqueio, abstive-me de mencionar o Egipto.
Confesso que gostei muito das pessoas que conheci durante as minhas visitas ao Egipto. O “homem da rua” é muito bem vindo. No seu comportamento para com cada um há uma atmosfera de tranquilidade, uma ausência de agressão, um sentido de humor egípcio especial. Até os mais pobres mantêm a sua dignidade no meio de condições adversas e miseráveis. Eu não os ouvi queixar-se. Em todos os seus milhares de anos de história, os egípcios revoltaram-se nada mais que três ou quatro vezes.
Esta paciência lendária também tem o seu lado negativo. Quando as pessoas estão resignadas, isto pode impedir o progresso económico, social e político.
Parece que o povo egípcio está pronto para aceitar tudo. Desde os faraós de antigamente até ao faraó de hoje, os seus governantes enfrentam pouca oposição. Mas poderá chegar o dia quando o orgulho nacional ultrapassará até esta paciência.
Como israelita, eu protesto contra o bloqueio israelita. Se eu fosse egípcio, protestaria contra o bloqueio egípcio. Como cidadão do planeta, protesto contra ambos.
Uri Avnery é um escritor israelita e acitivista de paz no Gush Shalom.
Bloqueio Egípcio
O Muro de Ferro
Por Uri Avnery
tradução Ana Sofia Gomes, equipa Todos Por Gaza
Uma coisa estranha, quase bizarra, está a acontecer no Egipto durante estes dias.
Cerca de 1400 activistas de todo o mundo juntaram-se ali para depois seguirem para a Faixa de Gaza. No aniversário da Guerra “Chumbo Fundido”, tencionam participar numa manifestação não violenta contra o bloqueio continuo que torna a vida dos 1,5 milhões da habitantes da Faixa intolerável.
Simultaneamente, outros protestos tiveram lugar em vário países. Também em Tel Aviv foi planeado um grande protesto. O “comitá monitorizador” dos cidadãos árabes de Israel iria organizar un evento na fronteira com Gaza.
Quando os activistas internacionais chegaram ao Egipto, uma surpresa aguardava-os. O governo egípcio proíbiu a sua viagem a Gaza. Os autocarros foram parados nos arredores do Cairo e voltaram para trás. Manifestantes individuais que conseguiram chegar ao Sinai em autocarros normais foram retirados dos mesmos. As forças de segurança egípcias fizeram uma caça aos activistas.
Os activistas enraivecidos cercaram as suas embaixadas no Cairo. Na rua em frente à embaixada francesa, surgiu uma tenda que rapidamente foi rodeada pela polícia egípcia. Vários manifestantes juntaram-se em frente das suas embaixadas e exigiram ver o embaixador. Muitos activistas que têm mais de 70 anos, iniciaram uma greve de fome. Em todo o lado, manifestantes foram detidos pelas unidades de elite egípcias que vestiam o equipamento anti-motim, enquanto que as carrinhas dos canhões de água se encontravam atrás. Os manifestantes que tentaram reunir-se na praça central de Tahrir (libertação) no Cairo foram maltratados.
No fim, depois de um encontro com a mulher do presidente, foi encontrada uma solução tipicamente egípcia: foi permitido que cem activistas entrassem em Gaza. O resto permaneceu no Cairo, admirados e frustrados.
* * *
Enquanto os manifestantes estavam a arrefecer as ideias na capital egípcia e tentavam encontrar formas de libertar a sua raiva, Binyamin Netanyahu foi recebido no palácio presidencial no coração da cidade. Os seus anfitriões foram longe nos elogios e na celebração da sua contribuição para a paz, especialmente o “congelamento” da construção de colonatos na Cisjordânia, um falso gesto que não incluiu Jerusalém Oriental.
Hosni Mubarak e Netanuahu já se tinham encontrado no passado, mas não no Cairo. O presidente egípcio insistiu sempre que os encontros tivessem lugar em Sharm-al-Sheikh, o mais longe possível dos centros populosos. O convite para o Cairo foi, portanto, um passo significativo na aproximação de relações.
Como prenda especial para Netanyahi, Mubarak concordou em permitir a centenas de israelitas vir ao Egipto e rezar no mausoléu do Rabi Yaakov Abu-Hatzeira que morreu e foi enterrado na cidade egípcia de Damanhur há 130 anos quando ia a caminho da Terra Santa a partir de Marrocos.
Há qualquer coisa de simbólico em tudo isto: o bloqueio de manifestantes pró-palestiniano a caminho de Gaza ao mesmo tempo do convite dos israelitas para virem a Damanhur.
* * *
Podemo-nos interrogar sobre a participação egipcía no bloqueia à Faixa de Gaza. O bloqueio começou antes da Guerra de Gaza e tornou a o território naquilo que tem sido descrito como “a maior prisão do mundo”. O bloqueio inlcui tudo excepto medicamentos essenciais e a produtos alimentares muito básicos. O senador dos EUA John Kerry, ex-candidato à presidência, ficou chocado ao ouvir que o bloqueio incluía massa – o exército israelita na sua infinita sabedoria designou este alimento como um luxo. O bloqueio abrange tudo – desde materiais de construção até aos livros escolares das crianças. Tirando os mais graves casos humanitários, ninguém pode passar da Faixa de Gaza para Israel ou para a Cisjordânia e o mesmo aplica-se para o sentido contrário.
Mas Israel controla apenas três lados da Faixa. As fronteiras Norte e Este estão bloqueada pelo exército israelita, a fronteira Ocidental pela marinha. A quarta fronteira, a do Sul, é controlada pelo Egipto. Portanto, todo o bloqueio seria ineficaz sem a participação egípcia.
Ostensivamente, isto não faz sentido. O Egipto considera-se a si próprio como o líder do mundo árabe. É o país árabe mais populoso situado no centro do mundo árabe. Há cinquenta anos atrás, o presidente egípcio, Gamal Abd-al-Nasser, era o ídolo de todos os árabes, especialmente dos palesinianos. Como pode o Egipto colaborar com o “inimigo sionista”, como chamavam os egípcios a Israel, para por 1,5 milhões de irmãos árabes de joelhos?
Até recentemente, o governo egípcio defendia uma solução que representa bem o poder político egípcio de 60 000 anos. Participou no bloqueio mas fechou os olhos às centenas de túneis escavados por baixo da fronteira Egipto-Gaza através dos quais passavam abastecimentos diários para as populações (por preços exorbitantes e com lucros altíssimos para os mercadores egípcios), juntamente com armas. Também pessoas passaram por eles – desde activistas do Hamas até noivas.
Isto está prestes a mudar. O Egipto começou a construir um muro de ferro – literalmente – ao longo de toda a fronteira com Gaza, consistindo em pilares de aço enterrados profundamente no chão de modo a bloquear todos os túneis. Isto vai finalmente sufocar os habitantes.
Quando o grande extremista sionista, Vladimir Ze'ev Jabotinsky, escreveu à 80 anos atrás sobre erguer um “muro de ferro” contra os palestinianos, nem sonhou que seriam os árabes a fazer exactamente isso.
* * *
Por que é que o fazem?
Existem várias explicações. Os cínicos dizem que o governo egípcio recebe um subsídio americano altíssimo todos os anos – quase dois mil milhões de dólares – por cortesia de Israel. Começou por ser uma recompensa pelo tratado de paz egípcio-israelita. O lobby israelita no Congresso dos EUA pode pará-lo a qualquer altura.
Outros acreditam que Mubarak tem medo do Hamas. A organização começou por ser um ramo palestiniano da Irmandade Muçulmana, que continua a ser a principal oposição ao seu regime autocrático. O eixo Cairo-Riad-Amã-Ramllah está num posição contra o eixo Damasco-Gaza que está aliado ao eixo Teerão-Hezbollah. Muitos acreditam que Mahmoud Abbas está interessado em apertar o bloqueio a Gaza para prejudicar o Hamas.
Mubarak está zangado com o Hamas que se recusa a dançar ao seu tom. Como os seus prodecessores, ele exige que os palestinianos obedeçam às suas ordens. O presidente Abd-al-Nasser esteve zangado com a OLP (um organização criada por ele para assegurar o controlo egípcio sobre os palestinianos mas que lhe escapou quando Yasser Arafat subiu ao poder). O presidente Anwar Sadat esteve zangado com a OLP por ter rejeitada o Acordo de Camp David que prometia aos palestinianos apenas “autonomia”. Como se atrevem os palestinianos, um povo pequeno e oprimido, a recusar o “conseolho” do Grande Irmão?
Todas estas explicações fazem sentido. Contudo, a atitude do governo egípcio continua a ser espantosa. O bloqueio egípcio a Gaza destrói as vidas de 1,5 milhões de seres humanos, homens e mulheres, velhos e crianças, a maior parte dos quais não são activistas do Hamas. Isto é feito publicamente, diante dos olhos de centenas de milhões de árabes, 1,250 milhões de muçulmanos. Também no próprio Egipto, milhões de pessoas estão envergonhadas pela participação do seu país em deixar irmãos árabes a morrer à fome.
É um política muito perigosa. Por que é que Mubarak a segue?
* * *
Provavelmente, a verdadeira resposta é que ele não tem escolha.
O Egipto é um país muito orgulhoso. Quem quer que seja que esteve no Egipto sabe que mesmo os mais pobres estão cheios de orgulho nacional e é facilmente insultado quando o sua dignidade nacional é ferida. Isto foi posto em evidência há algumas semanas, quando o Egipto perdeu um jogo de futebol contra a Argélia e comportou-se como se tivesse perdido uma guerra.
“Considerem isto a partir destas Pirâmides, 40 séculos observam-te,” disse Napoleão aos seus soldados na véspera da Batalha do Cairo. Cada egípcio sente que 6000 – alguns dizem 8000 – anos de História observam-no a tempo inteiro.
Este profundo sentimento vai contra a realidade numa altura em que a situação do Egipto se torna cada vez mais miserável. A Arábia Saudita tem mais influência, o pequeno Dubai tornou-se um centro financeiro internacional, o Irão está crescer como potência regional. Contrariamente ao Irão, onde os Ayatollahs pediram às famílias para se limitarem a dois filhos, a natalidade egípcia está a devorar tudo, condenando o país à pobreza permanente.
No passado, o Egipto foi bem sucedido em equilibrar as suas fraquezas internas com os seus sucesso exteriores. O mundo inteiro considera o Egipto como o líder do mundo árabe, tratando-o como tal. Nada mais.
O Egipto está numa má situação. Portanto, Mubarak não tem escolha senão seguir os dictames dos EUA – os quais são, de facto, dictames isrealitas. Esta é a verdadeira explicação para a sua participação no bloqueio.
* * *
Quando falei na manifestação em Tel-Aviv, depois de termos marchado pelas ruas protestando contra o bloqueio, abstive-me de mencionar o Egipto.
Confesso que gostei muito das pessoas que conheci durante as minhas visitas ao Egipto. O “homem da rua” é muito bem vindo. No seu comportamento para com cada um há uma atmosfera de tranquilidade, uma ausência de agressão, um sentido de humor egípcio especial. Até os mais pobres mantêm a sua dignidade no meio de condições adversas e miseráveis. Eu não os ouvi queixar-se. Em todos os seus milhares de anos de história, os egípcios revoltaram-se nada mais que três ou quatro vezes.
Esta paciência lendária também tem o seu lado negativo. Quando as pessoas estão resignadas, isto pode impedir o progresso económico, social e político.
Parece que o povo egípcio está pronto para aceitar tudo. Desde os faraós de antigamente até ao faraó de hoje, os seus governantes enfrentam pouca oposição. Mas poderá chegar o dia quando o orgulho nacional ultrapassará até esta paciência.
Como israelita, eu protesto contra o bloqueio israelita. Se eu fosse egípcio, protestaria contra o bloqueio egípcio. Como cidadão do planeta, protesto contra ambos.
Uri Avnery é um escritor israelita e acitivista de paz no Gush Shalom.
Saturday, 2 January 2010
A Arquitectura de Ocupação de Hebron
fonte:EI
Por: Sarah Lazare e Clare Bayard escrevendo a partir de Hebron, na Cisjordânia ocupada, Live from Palestine, 23 de Novembro de 2009
tradução: Ana Cecilia Fonseca, equipa da Todos Por Gaza
A palavra “vingança” é rabiscada em hebraico numa escola palestina em Hebron, na Cisjordânia ocupada. As janelas são cobertas com telas/redes e os jardins e quintais são também cobertos com redes com arame farpado, para obstruir as pedras regularmente atiradas por colonos judeus. O espaço entre a escola e o prédio vizinho é bloqueado com grandes tábuas de madeira, para garantir que as crianças das escolas palestinianas não invadam o território dos colonos. Os checkpoints mais próximos e as câmeras colocados nos telhados servem como lembrança permanente de que cada movimento dessas crianças é motorizado e gravado.
Este episódio relativamente ao recreio, num fim de semana sem ninguém, ilustra a separação e contenção que ficou gravada na arquitectura de Hebron. Nesta cidade, onde 1.500 soldados israelitas estão estacionados todos os dias, os 170.000 palestinos que vivem aqui são mantidos sob vigilância constante, os seus movimentos são limitados enquanto a sua segurança se encontra em constante ameaça. Os colonos judeus que têm migrado desde a década de 1970, chegando agora ao número de 800, são conhecidos por atacar os palestinos de forma repetida enquanto os soldados israelitas cruzam os braços.
Ao andar em Hebron parece que se está num pesadelo. Shuhada Street, uma das principais estradas, é usada apenas por colonos que viajam a pé ou carros velozes, soldados e polícia, e carregamentos de cães de luta. Os palestinos que vivem nesta rua têm que escalar as suas casas a partir da retaguarda ou atravessando os telhados vizinhos, escavando buracos nas suas paredes, ou, como uma menina que observámos, escalando através de uma corda para o segundo andar. As suas portas da frente foram soldadas ou barricadas com metal enferrujado, como também foram fechados os estabelecimentos comerciais em Hebron por ordem militar. As ruas são fechadas com cimento e fios de arame farpado.
“Segurança é, aqui, a palavra mágica”, diz Hisham Sharabati, um jornalista que tem vivido em Hebron a maior parte da sua vida, apontando para um posto de controlo militar israelita na entrada da mesquita Ibrahimi, no meio da Cidade Velha. “Israel usa essa palavra da forma que mais lhe agrada, para justificar o atropelo dos direitos humanos dos palestinos.
Em 1994, um colono de origem americana chamado Baruch Goldstein abriu fogo na mesquita onde se encontra o túmulo de Abraão, um local sagrado para muçulmanos, judeus e cristãos. Vimos a estrutura partida e com buracos de bala no arco que aponta em direcção a Meca. Foram mortos 29 palestinos enquanto rezavam. Qual foi a resposta? Os palestinos foram colocados sob um recolher obrigatório de 30 dias, o mercado de frutas e vegetais foi encerrado, e o “sistema de separação” foi aperfeiçoado. Desde então, os palestinos que vivem em Hebron têm sido controlados pelos militares e atacados pelos colonos – uma estrutura de “segurança” que muitos dizem ter sido destinada a afastar os palestinos para abrir caminho para os colonos.
A cidade encontrava-se dividida entre área H1 – controlada pela Autoridade Palestina, e a área H2, controlada pelos militares israelitas. Dentro da área H2, bairros judeus e palestinos foram isolados por uma matriz de estradas, muitas delas fora do alcance do uso dos palestinos. Mercados muito activos e centros da cidade foram fechados, alguns deles retomados, lentamente, por colonos judeus, outros transformaram-se em cidades fantasmas guardadas por postos de controlo militar. Os soldados israelitas patrulham agora todas as ruas na área H2, numa táctica que serve de lembrança constante da presença militar israelita.
Os colonos judeus alegam o seu direito à terra, invocando um massacre sangrento acontecido em 1929 e que matou 67 judeus. Existem diversos relatos desta tragédia: Mikhael Manekin do Breaking the Silence, um grupo de ex-soldados israelitas que agora fala do que presenciou e dos actos que cometeram, disseram-nos que muitos dos assassinos entraram cercando as aldeias. Afirma que vários moradores palestinos arriscaram as suas vidas para defender os judeus, e a alguns deles foram premiados com certificados de agradecimento por organizações judaicas por tal postura. Hoje, os colonos usam o massacre de 1929 para justificar o afastamento dos residentes palestinos de Hebron e das suas casas, um cartaz afixado no meio do colonato diz: “Estes Árabes estão a viver em terra roubada”.
O que aconteceu em 1929 foi terrível, mas não justifica o desalojamento em massa e a sistemática degradação de um povo. O massacre tem sido utilizado para atingir os árabes e perpetuar o racismo de uma forma que nunca foi utilizada para atingir populações europeias culpadas do massacre de judeus em muito maior escala. A paisagem dolorosa de Hebron é um exemplo de como o trauma pode gerar trauma: uma população de judeus, traumatizada por um histórico de violência e discriminação, voltou-se traumatizou outro povo, e actuando assim, está a provocar incontáveis danos à sua própria comunidade. Os colonos aqui ocupam uma cidade que se tornou um viveiro de religiosos/tensões étnicas e flagrante discriminação racial. Isto não é bom para quem cresce neste ambiente, seja israelita ou palestino.
Hisham Sharabati, o jornalista, guiou-nos por toda a cidade durante a manhã inteira; à tarde, reunimo-nos com Mikhael, que, como israelita, poderia levar-nos até às áreas Hisham onde é proibido entrar, toda a sua vida viveu em Hebron. Mikhael explicou que existem dois ou três soldados por colono, numa relação claramente destinada a controlar a grande população palestina. Ao invés de correlacionar a presença militar com a quantidade de colonos, a lógica utilizada é na base da contenção militar e controlo do “inimigo”, sob pretexto de protecção. Mikhael serviu como oficial em Hebron, e agora é um dos membros do “Breaking the Silence” que organiza “tours” para os israelitas e internacionais.
Os colonatos em Hebron são ilegais segundo a lei humanitária internacional. Os mapas oficiais da cidade, os quais são documentos utilizados pelos tribunais israelitas, são extremamente imprecisos. Afirmam que nas ruas fantasma, imensamente isoladas com cimento e metal, estão a funcionar ruas e praças. Caminhando pelas ruas de Hebron, encontra-se uma cidade esculpida pela presença militar violenta e a constante ameaça de violência por parte dos colonos.
Algumas estradas têm uma uma barreira de cimento que se situa ao longo da borda, deixando poucos metros para os palestinos caminharem enquanto que aos colonos são reservadas duas faixas largas. Os “souks”, os mercados da Cidade Velha, têm arame farpado, ou um excesso de redes improvisadas: protecção insuficiente contra os ataques dos colonos que vivem nos andares de cima. As redes ficam pesadas com lixo, tijolos, blocos enormes de cimento e sacos de plásticos rasgados, contendo resíduos humanos, quando estouram em cima do povo e em prateleiras de mercadorias que se encontram em baixo. Hisham disse-nos que um jovem se encontrava em coma depois de uma haste metálica aguçada ter caído através da rede e penetrado o seu crânio. Agora, quando alguém olha para cima, podem-se observar pilhas de objectos que foram retidas pela rede: pés de cabra, tijolos, pedras, cadeiras. Enquanto passeávamos por um mercado, vimos uma colona a atirar areia do seu apartamento, situado no terceiro andar, para cima de um mercado lotado de palestinos que foram fazer as suas compras. Caiu sobre a cabeça de uma mulher palestina, bem como sobre um dos membros da nossa delegação, Eddie, que por causa da sua natureza mexicano-americana é muitas vezes confundido com árabe ao longo desta viagem.
Um homem mais velho que mora na beira da Shuhada Street explica que tem de pedir autorização, quando os filhos ou netos o querem visitar em sua casa. Não lhe são permitidos quaisquer outros visitantes, como acontece com todos os palestinos residentes na zona H2. Por outro, os filhos dos colonos podem fazer viagens de campo pela sua rua. Observamos um grupo de ensino primário de crianças colonas a caminhar por Shuhada, acompanhadas por adultos com espingardas ao ombro.
Observando através de um telhado com vista para a Cidade Velha, podemos ver construções de cimento e de pedra, pontuada com bases militares no centro da cidade, e nos montes opostos. Estas instalações militares ou expulsaram ou foram construídas sobre os telhados de pessoas que vivem no último andar. Muitos dos telhados contém depósitos de água, um armazenamento importante para um bairro cuja água é desviada para os colonatos situados nas proximidades e mais tarde é vendida a preços mais elevados aos palestinos.
Nas colinas ao sul do monte Hebron, colonos atacam palestinos que vão pastar os seus rebanhos. Um amigo falou-nos de uma aldeia que foi expulsa em 2000, e até algumas semanas atrás, estava a viver em cavernas perto das suas terras. Um tribunal israelita declarou que eles poderiam voltar para a sua aldeia, na sexta-feira colonos atacaram os seus rebanhos e matou um cordeiro. Quando activistas de solidariedade israelitas chamaram a polícia, que chegou horas depois, esta acusou os palestinos idosos de terem morto o seu próprio animal para incriminar os colonos.
O acompanhamento das colheitas nos olivais é prioridade não só porque as oliveiras sustentam muitas pessoas, mas também porque as lacunas jurídicas são usadas para tirar terra aos palestinos se não as conseguirem suprir num dado período de tempo. É uma reminiscência das leis de domínio eminente usadas para roubar a terra dos residentes na baixa de Ninth Ward de New Orleans: se os habitantes de New Orleans deslocados não conseguiram voltar à cidade de forma regular, a tempo de cortar a sua relva, a cidade reivindicaria a sua parcela – muitas vezes um lote apenas com as fundações onde a casa se encontrava resultava de uma explosão provocada pelo furacão que era a parede que sustinha a água.
Activistas de solidariedade escoltam filhos à escola para protegê-los dos colonos que atiravam pedras, e caminham com pastores para as suas terras de pasto. As crianças colonas atiram pedras às crianças palestinas a caminho da escola – crianças com menos de 14 anos não podem ser responsabilizadas, disse-nos Mikhael, então são cautelosos com as pessoas que atiram pedras. Uma escola, por fim, teve que mudar os seus horários e dias para que as crianças que caminhassem até à escola não fossem atacadas por crianças colonas que estivessem em casa – são a única escola palestina a não a abrir aos sábados e as crianças não têm intervalos para que possam sair mais cedo de forma a chegarem em segurança a casa. “Os palestinos são os que tomam os encargos da política da separação nas suas vidas”, disse Hisham.
Residentes palestinos em Hebron foram-se organizando para revitalizar as suas comunidades e desafiar a ocupação militar e a violência dos colonos. A Comissão de Reabilitação de Hebron fixa sanções nos bairros agredidos para incentivar as pessoas a voltar, plantação de jardins e pintura de fachadas em ruínas. A Juventude contra Colonatos organizou acções directas criativas: um protesto recente envolveu a criação de postos de controlo falsos ao lado dos dos israelitas, sendo presos passados cinco minutos mas deixando a chamada de atenção para as condições em que vivem.
Hebron situa-se no centro de lutas de poder e alianças globais em redor de Israel. Esta cidade é a conclusão lógica de um estado religioso/étnico – uma cidade onde a ocupação militar se insere no tecido da vida quotidiana e os moradores são obrigados a construir fortalezas para se proteger de pedras e tijolos. A partir do encerramento de centros na cidade, com portas soldadas e câmaras de segurança apontando para o vazio, para o acampamento das bases militares que ficam no centro da cidade, esta á a realidade do actual estado de Israel. Isto é o que nós, como cidadãos da U.E., estamos a apoiar, quando o nosso governo envia ajuda militar para que Israel possa comprar tanques e armas para patrulhar estas ruas.
Sarah Lazare trabalha para ajudar a construir a resistência GI contras as guerras em curso no Iraque e Afeganistão como um membro colectivo da Coragem para Resistir (Courage to Resist), e organiza a justiça económica e social na sua comunidade. É também uma escritora freelance.
Clare Bayard organiza com a Liga de Resistentes contra a Guerra (Resisters War Euague) e o Projecto Catalyst em ligação com a luta contra as guerras provocadas pelos E.U.A. em casa e no exterior, inclusive a ocupação israelita apoiada pelos E.U.A.
Por: Sarah Lazare e Clare Bayard escrevendo a partir de Hebron, na Cisjordânia ocupada, Live from Palestine, 23 de Novembro de 2009
tradução: Ana Cecilia Fonseca, equipa da Todos Por Gaza
A palavra “vingança” é rabiscada em hebraico numa escola palestina em Hebron, na Cisjordânia ocupada. As janelas são cobertas com telas/redes e os jardins e quintais são também cobertos com redes com arame farpado, para obstruir as pedras regularmente atiradas por colonos judeus. O espaço entre a escola e o prédio vizinho é bloqueado com grandes tábuas de madeira, para garantir que as crianças das escolas palestinianas não invadam o território dos colonos. Os checkpoints mais próximos e as câmeras colocados nos telhados servem como lembrança permanente de que cada movimento dessas crianças é motorizado e gravado.
Este episódio relativamente ao recreio, num fim de semana sem ninguém, ilustra a separação e contenção que ficou gravada na arquitectura de Hebron. Nesta cidade, onde 1.500 soldados israelitas estão estacionados todos os dias, os 170.000 palestinos que vivem aqui são mantidos sob vigilância constante, os seus movimentos são limitados enquanto a sua segurança se encontra em constante ameaça. Os colonos judeus que têm migrado desde a década de 1970, chegando agora ao número de 800, são conhecidos por atacar os palestinos de forma repetida enquanto os soldados israelitas cruzam os braços.
Ao andar em Hebron parece que se está num pesadelo. Shuhada Street, uma das principais estradas, é usada apenas por colonos que viajam a pé ou carros velozes, soldados e polícia, e carregamentos de cães de luta. Os palestinos que vivem nesta rua têm que escalar as suas casas a partir da retaguarda ou atravessando os telhados vizinhos, escavando buracos nas suas paredes, ou, como uma menina que observámos, escalando através de uma corda para o segundo andar. As suas portas da frente foram soldadas ou barricadas com metal enferrujado, como também foram fechados os estabelecimentos comerciais em Hebron por ordem militar. As ruas são fechadas com cimento e fios de arame farpado.
“Segurança é, aqui, a palavra mágica”, diz Hisham Sharabati, um jornalista que tem vivido em Hebron a maior parte da sua vida, apontando para um posto de controlo militar israelita na entrada da mesquita Ibrahimi, no meio da Cidade Velha. “Israel usa essa palavra da forma que mais lhe agrada, para justificar o atropelo dos direitos humanos dos palestinos.
Em 1994, um colono de origem americana chamado Baruch Goldstein abriu fogo na mesquita onde se encontra o túmulo de Abraão, um local sagrado para muçulmanos, judeus e cristãos. Vimos a estrutura partida e com buracos de bala no arco que aponta em direcção a Meca. Foram mortos 29 palestinos enquanto rezavam. Qual foi a resposta? Os palestinos foram colocados sob um recolher obrigatório de 30 dias, o mercado de frutas e vegetais foi encerrado, e o “sistema de separação” foi aperfeiçoado. Desde então, os palestinos que vivem em Hebron têm sido controlados pelos militares e atacados pelos colonos – uma estrutura de “segurança” que muitos dizem ter sido destinada a afastar os palestinos para abrir caminho para os colonos.
A cidade encontrava-se dividida entre área H1 – controlada pela Autoridade Palestina, e a área H2, controlada pelos militares israelitas. Dentro da área H2, bairros judeus e palestinos foram isolados por uma matriz de estradas, muitas delas fora do alcance do uso dos palestinos. Mercados muito activos e centros da cidade foram fechados, alguns deles retomados, lentamente, por colonos judeus, outros transformaram-se em cidades fantasmas guardadas por postos de controlo militar. Os soldados israelitas patrulham agora todas as ruas na área H2, numa táctica que serve de lembrança constante da presença militar israelita.
Os colonos judeus alegam o seu direito à terra, invocando um massacre sangrento acontecido em 1929 e que matou 67 judeus. Existem diversos relatos desta tragédia: Mikhael Manekin do Breaking the Silence, um grupo de ex-soldados israelitas que agora fala do que presenciou e dos actos que cometeram, disseram-nos que muitos dos assassinos entraram cercando as aldeias. Afirma que vários moradores palestinos arriscaram as suas vidas para defender os judeus, e a alguns deles foram premiados com certificados de agradecimento por organizações judaicas por tal postura. Hoje, os colonos usam o massacre de 1929 para justificar o afastamento dos residentes palestinos de Hebron e das suas casas, um cartaz afixado no meio do colonato diz: “Estes Árabes estão a viver em terra roubada”.
O que aconteceu em 1929 foi terrível, mas não justifica o desalojamento em massa e a sistemática degradação de um povo. O massacre tem sido utilizado para atingir os árabes e perpetuar o racismo de uma forma que nunca foi utilizada para atingir populações europeias culpadas do massacre de judeus em muito maior escala. A paisagem dolorosa de Hebron é um exemplo de como o trauma pode gerar trauma: uma população de judeus, traumatizada por um histórico de violência e discriminação, voltou-se traumatizou outro povo, e actuando assim, está a provocar incontáveis danos à sua própria comunidade. Os colonos aqui ocupam uma cidade que se tornou um viveiro de religiosos/tensões étnicas e flagrante discriminação racial. Isto não é bom para quem cresce neste ambiente, seja israelita ou palestino.
Hisham Sharabati, o jornalista, guiou-nos por toda a cidade durante a manhã inteira; à tarde, reunimo-nos com Mikhael, que, como israelita, poderia levar-nos até às áreas Hisham onde é proibido entrar, toda a sua vida viveu em Hebron. Mikhael explicou que existem dois ou três soldados por colono, numa relação claramente destinada a controlar a grande população palestina. Ao invés de correlacionar a presença militar com a quantidade de colonos, a lógica utilizada é na base da contenção militar e controlo do “inimigo”, sob pretexto de protecção. Mikhael serviu como oficial em Hebron, e agora é um dos membros do “Breaking the Silence” que organiza “tours” para os israelitas e internacionais.
Os colonatos em Hebron são ilegais segundo a lei humanitária internacional. Os mapas oficiais da cidade, os quais são documentos utilizados pelos tribunais israelitas, são extremamente imprecisos. Afirmam que nas ruas fantasma, imensamente isoladas com cimento e metal, estão a funcionar ruas e praças. Caminhando pelas ruas de Hebron, encontra-se uma cidade esculpida pela presença militar violenta e a constante ameaça de violência por parte dos colonos.
Algumas estradas têm uma uma barreira de cimento que se situa ao longo da borda, deixando poucos metros para os palestinos caminharem enquanto que aos colonos são reservadas duas faixas largas. Os “souks”, os mercados da Cidade Velha, têm arame farpado, ou um excesso de redes improvisadas: protecção insuficiente contra os ataques dos colonos que vivem nos andares de cima. As redes ficam pesadas com lixo, tijolos, blocos enormes de cimento e sacos de plásticos rasgados, contendo resíduos humanos, quando estouram em cima do povo e em prateleiras de mercadorias que se encontram em baixo. Hisham disse-nos que um jovem se encontrava em coma depois de uma haste metálica aguçada ter caído através da rede e penetrado o seu crânio. Agora, quando alguém olha para cima, podem-se observar pilhas de objectos que foram retidas pela rede: pés de cabra, tijolos, pedras, cadeiras. Enquanto passeávamos por um mercado, vimos uma colona a atirar areia do seu apartamento, situado no terceiro andar, para cima de um mercado lotado de palestinos que foram fazer as suas compras. Caiu sobre a cabeça de uma mulher palestina, bem como sobre um dos membros da nossa delegação, Eddie, que por causa da sua natureza mexicano-americana é muitas vezes confundido com árabe ao longo desta viagem.
Um homem mais velho que mora na beira da Shuhada Street explica que tem de pedir autorização, quando os filhos ou netos o querem visitar em sua casa. Não lhe são permitidos quaisquer outros visitantes, como acontece com todos os palestinos residentes na zona H2. Por outro, os filhos dos colonos podem fazer viagens de campo pela sua rua. Observamos um grupo de ensino primário de crianças colonas a caminhar por Shuhada, acompanhadas por adultos com espingardas ao ombro.
Observando através de um telhado com vista para a Cidade Velha, podemos ver construções de cimento e de pedra, pontuada com bases militares no centro da cidade, e nos montes opostos. Estas instalações militares ou expulsaram ou foram construídas sobre os telhados de pessoas que vivem no último andar. Muitos dos telhados contém depósitos de água, um armazenamento importante para um bairro cuja água é desviada para os colonatos situados nas proximidades e mais tarde é vendida a preços mais elevados aos palestinos.
Nas colinas ao sul do monte Hebron, colonos atacam palestinos que vão pastar os seus rebanhos. Um amigo falou-nos de uma aldeia que foi expulsa em 2000, e até algumas semanas atrás, estava a viver em cavernas perto das suas terras. Um tribunal israelita declarou que eles poderiam voltar para a sua aldeia, na sexta-feira colonos atacaram os seus rebanhos e matou um cordeiro. Quando activistas de solidariedade israelitas chamaram a polícia, que chegou horas depois, esta acusou os palestinos idosos de terem morto o seu próprio animal para incriminar os colonos.
O acompanhamento das colheitas nos olivais é prioridade não só porque as oliveiras sustentam muitas pessoas, mas também porque as lacunas jurídicas são usadas para tirar terra aos palestinos se não as conseguirem suprir num dado período de tempo. É uma reminiscência das leis de domínio eminente usadas para roubar a terra dos residentes na baixa de Ninth Ward de New Orleans: se os habitantes de New Orleans deslocados não conseguiram voltar à cidade de forma regular, a tempo de cortar a sua relva, a cidade reivindicaria a sua parcela – muitas vezes um lote apenas com as fundações onde a casa se encontrava resultava de uma explosão provocada pelo furacão que era a parede que sustinha a água.
Activistas de solidariedade escoltam filhos à escola para protegê-los dos colonos que atiravam pedras, e caminham com pastores para as suas terras de pasto. As crianças colonas atiram pedras às crianças palestinas a caminho da escola – crianças com menos de 14 anos não podem ser responsabilizadas, disse-nos Mikhael, então são cautelosos com as pessoas que atiram pedras. Uma escola, por fim, teve que mudar os seus horários e dias para que as crianças que caminhassem até à escola não fossem atacadas por crianças colonas que estivessem em casa – são a única escola palestina a não a abrir aos sábados e as crianças não têm intervalos para que possam sair mais cedo de forma a chegarem em segurança a casa. “Os palestinos são os que tomam os encargos da política da separação nas suas vidas”, disse Hisham.
Residentes palestinos em Hebron foram-se organizando para revitalizar as suas comunidades e desafiar a ocupação militar e a violência dos colonos. A Comissão de Reabilitação de Hebron fixa sanções nos bairros agredidos para incentivar as pessoas a voltar, plantação de jardins e pintura de fachadas em ruínas. A Juventude contra Colonatos organizou acções directas criativas: um protesto recente envolveu a criação de postos de controlo falsos ao lado dos dos israelitas, sendo presos passados cinco minutos mas deixando a chamada de atenção para as condições em que vivem.
Hebron situa-se no centro de lutas de poder e alianças globais em redor de Israel. Esta cidade é a conclusão lógica de um estado religioso/étnico – uma cidade onde a ocupação militar se insere no tecido da vida quotidiana e os moradores são obrigados a construir fortalezas para se proteger de pedras e tijolos. A partir do encerramento de centros na cidade, com portas soldadas e câmaras de segurança apontando para o vazio, para o acampamento das bases militares que ficam no centro da cidade, esta á a realidade do actual estado de Israel. Isto é o que nós, como cidadãos da U.E., estamos a apoiar, quando o nosso governo envia ajuda militar para que Israel possa comprar tanques e armas para patrulhar estas ruas.
Sarah Lazare trabalha para ajudar a construir a resistência GI contras as guerras em curso no Iraque e Afeganistão como um membro colectivo da Coragem para Resistir (Courage to Resist), e organiza a justiça económica e social na sua comunidade. É também uma escritora freelance.
Clare Bayard organiza com a Liga de Resistentes contra a Guerra (Resisters War Euague) e o Projecto Catalyst em ligação com a luta contra as guerras provocadas pelos E.U.A. em casa e no exterior, inclusive a ocupação israelita apoiada pelos E.U.A.
Monday, 28 December 2009
O COMBOIO DE AJUDA À GAZA NÃO DESISTE
fonte:Viva a Palestina
Governo egípcio bloqueou a entrada no país de 16 parlamentares do partido governista AK da Turquia junto com "Viva Palestina”.
Parlamentares turcos em greve de fome junto com membros do
comboio do Viva a Palestina
27 de dezembro de 2009
Os membros do Viva Palestina comboio de ajuda internacional à Palestina em Gaza começaram uma greve de fome às 11H25 de hoje (dia 27) em protesto contra a recusa do governo egípcio em permitir a entrada de comboio em seu solo.
Foi às 11:25h. de 27 de dezembro de 2008, que Israel deixou cair sua primeiras bombas contra a população sitiada de Gaza. Três semanas mais tarde, na sequência de uma sustentada agressão por ar, terra e mar , mais de 1.400 palestinos foram mortos.
Na greve de fome, os membros do Viva Palestina, irão consumir apenas líquidos até que o seja permitida a entrada do comboio no Egito.
Membros Comboio também marcarão o primeiro aniversário do início da Operação “Chumbo” de Israel , ralizando uma marcha através de Aqaba, conjuntamente com os jordanianos. À noite, mais de 1.400 velas serão acesas durante uma vigília.
Negociações diplomáticas também estão ocorrendo entre os governos da Turquia e do Egito sobre a entrada do comboio para o Egito. IHH, agência da Turquia de ajuda humanitária, tem 63 veículos que circulam no comboio.
O governo sírio também prestou ajuda e veículos, como o governo da Malásia. Mais de 400 pessoas de 17 países estão viajando em um comboio de 210 veículos , transportando medicamentos, equipamentos hospitalares, ajuda humanitária e educacional para Gaza.
O comboio partiu em Londres em 6 de Dezembro e viajaram quase 3.000 quilômetros, atravessando a Europa e Oriente Médio. No entanto, o comboio e sua carga de ajuda agora está parado na cidade de porto jordaniano de Aqaba, tendo sido negada a entrada no Egito.
O parlamentar britânico, George Galloway, que viaja com a comitiva, disse: "Israel mantém Gaza sob cerco de três anos e meio contra o direito internacional. Ele não permitiu que a ajuda ou material para a reconstrução entrasse da Faixa depois do seu ataque em Gaza no início deste ano. O comboio está determinado a romper o cerco. Aqui no porto de Aqba, os espíritos estão fortalecidos. Não estamos indo a lugar algum, exceto para Gaza. “
Governo egípcio bloqueou a entrada no país de 16 parlamentares do partido governista AK da Turquia junto com "Viva Palestina”.
Parlamentares turcos em greve de fome junto com membros do
comboio do Viva a Palestina
27 de dezembro de 2009
Os membros do Viva Palestina comboio de ajuda internacional à Palestina em Gaza começaram uma greve de fome às 11H25 de hoje (dia 27) em protesto contra a recusa do governo egípcio em permitir a entrada de comboio em seu solo.
Foi às 11:25h. de 27 de dezembro de 2008, que Israel deixou cair sua primeiras bombas contra a população sitiada de Gaza. Três semanas mais tarde, na sequência de uma sustentada agressão por ar, terra e mar , mais de 1.400 palestinos foram mortos.
Na greve de fome, os membros do Viva Palestina, irão consumir apenas líquidos até que o seja permitida a entrada do comboio no Egito.
Membros Comboio também marcarão o primeiro aniversário do início da Operação “Chumbo” de Israel , ralizando uma marcha através de Aqaba, conjuntamente com os jordanianos. À noite, mais de 1.400 velas serão acesas durante uma vigília.
Negociações diplomáticas também estão ocorrendo entre os governos da Turquia e do Egito sobre a entrada do comboio para o Egito. IHH, agência da Turquia de ajuda humanitária, tem 63 veículos que circulam no comboio.
O governo sírio também prestou ajuda e veículos, como o governo da Malásia. Mais de 400 pessoas de 17 países estão viajando em um comboio de 210 veículos , transportando medicamentos, equipamentos hospitalares, ajuda humanitária e educacional para Gaza.
O comboio partiu em Londres em 6 de Dezembro e viajaram quase 3.000 quilômetros, atravessando a Europa e Oriente Médio. No entanto, o comboio e sua carga de ajuda agora está parado na cidade de porto jordaniano de Aqaba, tendo sido negada a entrada no Egito.
O parlamentar britânico, George Galloway, que viaja com a comitiva, disse: "Israel mantém Gaza sob cerco de três anos e meio contra o direito internacional. Ele não permitiu que a ajuda ou material para a reconstrução entrasse da Faixa depois do seu ataque em Gaza no início deste ano. O comboio está determinado a romper o cerco. Aqui no porto de Aqba, os espíritos estão fortalecidos. Não estamos indo a lugar algum, exceto para Gaza. “
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Seis meses depois da última e impiedosa agressão Israelita a Gaza, continuamos o nosso blog com uma média de cinco post por dia. O sofrimento dos palestinianos é elevado tal como são elevadas as expectativas. Como tal, queremos agradecer aos nossos visitantes habituais pela vosso apoio contínuo e pelo interesse que demonstram pelo assunto em causa. A todos aqueles que desejem colaborar connosco na produção e no melhoramento deste espaço agradeçemos que nos contactem via email. Precisamos sobretudo de voluntários para traduzir textos do Inglês/Francês/Arabe ao Português. Qualquer sugestão será obviamente bem-vinda!
Muito obrigada! Palestina vencerá!
Contacto:
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Ahmad, 9 anos:"Venham todos ver como vivemos. Venham ver como perdemos tudo. Vivemos do nada, não temos camas nem cobertores, não temos água nem comida nem electricidade. Simplesmente não temos nada. É isto uma viver? É isto aceitável? Este é o cerco mais humilhante de sempre, o pior bloqueio da história."
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